a Sabrina, uma querida que conheci enquanto gestávamos nossas meninas, disse que pensava em escrever sobre isso também. de pronto ofereci o espaço aqui no blog pra que ela inaugure a sessão de posts que virá sobre o tema.
se deliciem com esse relato sensível e sincero de uma mãe muito amorosa.
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UM DIA EU ANOITECI MÃE.
Algumas pessoas acham que a palavra mãe remete a uma mulher maravilhosa, perfeita, uma verdadeira santa. Algo em que você deve se transformar assim que recebe esse título. Para alguns quando a mulher descobre que está grávida, e para outros somente quando nasce o bebê. É como se acontecesse algo mágico que coloca em você, naquele momento, todas as características que são esperadas de uma mãe. Você tem que ser paciente, corajosa, amável, carinhosa, tem que gostar de trabalhar, tem que ser ótima cozinheira, não pode sentir sono nunca, tem que ter braços fortes (“Peso de filho não cansa nunca o braço da mãe, não é mesmo?”). E ao mesmo tempo não pode mimar, não pode ter o coração “mole”, não pode sentir saudades durante o trabalho… Ufa!! Nem sei se tudo isso cabe dentro de uma mulher só. Esqueci de dizer que ainda tem que ser uma ótima esposa. Sabendo que a definição de ótima esposa muda muito, depende de como pensam as pessoas ao seu redor.
Hoje eu digo
que eu renasci quando
Ana Clara nasceu. Mas essa magia aí não aconteceu comigo. Não sou
dessas, e
desconfio sempre que dou de cara com uma possível super mãe. Depois
daquele fim
de tarde, no dia 15 de janeiro, eu anoiteci mãe, mas o meu dia foi bem
longo e
demorado. Foi parte de uma vida sendo preparada pra essa mudança, muito
mais do
que nove meses. Cuidar de alguém não é
fácil, fazer com que essa pessoa seja feliz e ainda contribua para um
mundo
melhor é mais difícil ainda, principalmente nos dias de hoje. E quando ela nasceu, “socorro”, eu não sabia
nada. E até hoje não sei praticamente nada. Será que é tão visível
assim? De
vez em quando sou julgada pelos olhares de estranhas em lugares públicos
e depois vem a pergunta: “É sua primeira filha?”. Desculpa, minha
filha, se sou diferente e gosto
de te ter junto a mim no sling. Ou se te falo com carinho quando grita,
chora alto ou puxa o meu cabelo em
público. Se não quero que coma doces agora, ou se às
vezes deixo você com aparência de um menino. Se entendo sua presença tão
recente nesse mundo.
É… não tá fácil pra ninguém. Mas
como isso é maravilhoso, ter o nosso bebê, o ser mais fofo, lindo e cheiroso do
mundo. No nosso caso foi amor à primeira batida do coração. Fui te conhecendo e
criando o meu amor. E quando isso
aconteceu, repouso, riscos, solidão. Foi preciso coragem, e aprendi que junto
com ela sempre tem que vir a fé. Preciso de muita coragem pra cultivar e
defender o nosso amor sem endurecer o coração. E quando ela nasceu aprendi que amamentar é uma das experiências
mais maravilhosas da vida. Melhor do que isso, só mesmo ver seu bebê crescendo
saudável com o alimento que você pode dar. Aprendi que detesto escutar ela
chorando, pode dormir no meu colo que eu aguento. Hoje sei o que significa “um
dia de cada vez”, hoje deu tudo certo. Sei que nada melhor do que um dia após o
outro, a febre passou, a gripe foi embora, essa noite deu pra dormir… E como uma
coisa pode ser ruim e boa ao mesmo tempo, como ter que sair de casa para trabalhar.
Agora eu só posso afirmar uma coisa, ela é a luz que Deus mandou para
iluminar a minha vida, antes dela eu vivia no escuro. Vamos trilhar nosso caminho juntas, mesmo não sabendo aonde
vai dar. Juntas iremos aprender muito.
Sabrina e Ana Clara <3 |