quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

paciência 0 x 10 culpa

durmo muito pouco, filha agarrada no peito a noite toda. acordo cedo, despertador tocando, filha enroscando em mim pra não me deixar sair da cama. mais peito, mais despertador. tô atrasada, cansada, mal-humorada.
vou tomar café da manhã e me jogo num copo de refrigerante às 6h30 da manhã. tudo errado, ana, tudo errado. e a merda do plano de alimentação saudável? foi pra puta que pariu? "e os palavrões que você tava evitando, caralho?". ah, foda-se.
vontade de chorar, de ficar escondida num canto qualquer dormindo sem ter que ir trabalhar, sem ter que trocar a filha, lavar fraldas, fazer comida, conversar com quem quer que seja.
mas não. engulo o choro e vou pro banho. ódio desse corpo flácido, esses peitos que já foram os mais bonitos que já vi e agora estão esfriando sentindo a cerâmica do chão cada vez mais perto.
depois vou me vestir no quarto, e a filha que tava rindo há segundos atrás com o pai, me vê e começa a gritar, chorar, pedir colo. dou o colo, o peito, mas juro que não tô nem um pouco afim. pergunto 'o que foi, filha? o que você quer' enquanto ela se debate e chora, ju-ran-do que um bebê de 11 meses vai conseguir articular e expressar o que tá sentindo.
me irrito mais, termino de me arrumar, vou me despedir da filha e do marido. ela não quer me deixar sair, chora ao me ver saindo porta afora e eu tenho vontade de mandar meu emprego pra puta que pariu, cuidar da minha filha em tempo integral e não ter que sair cedo e com essa sensação de algo entalado na garganta por vê-la chorar.
caminho rápido e resmungando até chegar na padaria mais próxima e compro mil paçocas e cem bombons. se é pra passar o dia nesse stress todo, que seja entupida de doces. "aí morre diabética e não sabe por que", uma voz sussurra no meu inconsciente, e já dá pra imaginar pra onde mandei a infeliz, não é?
chego no trabalho e a "colega" consegue transbordar o copo que já tava cheio com suas chatices habituais. quero pegar minha mochila e ir embora daqui, pra onde não sei, mas pra casa também não é. desculpa, mundo, mas eu quero sossego.

meus sinceros parabéns às mães de ferro, às mães-maravilha, mas euzinha aqui sou de carne, osso e sangue fervente.
é pecado estar cansada, exausta, querendo sumir um pouquinho pra um mundo onde só eu existo?

não deixo minha filha chorar, dou peito quando ela quer, amo amamentar, amo ser mãe, defendo o amor próprio e descoberta a autoestima e o prazer no corpo pós-parto, gosto demais do meu trabalho, tô tentando melhorar a alimentação e procuro ser gentil com todo mundo que cruza meu caminho.
mas paciência de mãe também tem limite.

me abraça que eu tô me sentindo a pior mãe do mundo e um desgaste físico-emocional que não me cabe. e-x-a-u-s-t-a.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

angústia da separação - sombras e mais sombras

  ontem Mallu completou 11 meses () e posso dizer que estamos no pico do pico do pico da angústia da separação. estamos sofrendo - sim, as duas - e ando meio perdida nisso tudo.
  desde os 6 meses de idade Mallu começou a demonstrar alguns sinais da angústia (se você não sabe do que se trata, leia aqui). a própria pediatra dela me avisou durante a consulta: "ela está começando a perceber que vocês duas não são a mesma pessoa, e isso causa uma ansiedade extrema nela, que ainda não entende como vai ser estar separada da mãe". eu já havia lido muito a respeito, sabia que a fase estava chegando e me supunha preparada para lidar com ela. afinal, colo, grude, aconchego e amor nunca faltaram por aqui, né?!
  a surpresa foi que essa fase de ansiedade de separação não passa de um dia pro outro. os outros picos de crescimento (também listados no link acima) costumam durar entre 1-4 semanas. esse salto de desenvolvimento pode ir firme e forte até os 2 anos. quer dizer... pânico total da mãe e do bebê.
  ao mesmo tempo que é incrível perceber os primeiros "passos solo" da minha pequena, o desenvolver de sua autonomia e os primeiros traços da sua personalidade, dá um medo inexplicável por não saber como lidar com tudo isso. até ontem ela era o meu bebêzinho, que ficava quietinho no meu colo, que se satisfazia com minhas brincadeiras e carinhos, que dormia só de ouvir aquela música preferida na hora de ninar. agora ela é uma quase-criança com suas próprias vontades e preferências, que reluta na hora do sono e de trocar a fralda ("quem foi que disse que quero fazer isso agora, mãe? sai pra lá!", imagino que ela tem vontade de me falar), que se desprendeu do seio da mãe e quer ganhar o mundo. 
  e assim como a Mallu quer sua individualidade - ao mesmo tempo que não sabe lidar com ela - eu também quero a minha. há alguns meses atrás eu não sentia vontade ne-nhu-ma de passar um tempinho que fosse longe dela. vinha pro trabalho chorando, ficava a cada minuto me perguntando como ela estaria em casa sem mim, se tinha comido bem, se tinha dormido, essas coisas todas. ia pra terapia depois do trabalho e levava a pequena junto, só pra não ter que ficar mais uma hora por dia longe dela (mesmo com ela bagunçando todo o consultório da psicóloga e não me deixando concentrar direito no que eu precisava fazer ali). e agora eu sinto cada vez mais falta de um tempo meu. sempre fui uma pessoa que gosta muito de silêncio, de leitura, de introspecção. e é óbvio que desde que a Mallu nasceu esses momentos são cada vez mais escassos, mas eu não me sentia incomodada com isso até aqui. atualmente tenho precisado me fechar, me ouvir um pouco, me permitir sentir prazer na solidão. e ao perceber essa necessidade me banho num mar de dúvidas e culpas.
  o mais difícil tem sido - tanto pra mim quanto pra Mallu - conviver com a realidade de não sermos mais a mesma pessoa. agora nos sabemos separadas, cada uma com seus desejos e necessidades, nem sempre dispostas a ceder mas sempre buscando negociar. claro que não se trata de um embate entre nós, muito pelo contrário, é um momento muito delicado da nossa relação e que envolve os sentimentos mais puros - amor, segurança, confiança, cumplicidade - e os mais pesados - culpa, ciúme, medo.
  sei que é natural esse afastamento - na verdade é mais que natural, é necessário para nós duas. mas admito que ainda não estou conseguindo lidar com a enxurrada de sentimentos que vieram junto. sei que tenho sombras do meu passado enquanto filha interferindo nos meus sentimentos quanto a isso, e que se não examiná-los minuciosamente vai ser muito mais difícil conseguir organizar as coisas aqui dentro do peito.


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  o texto soou mais como um desabafo (e não é isso que ele é?), mas deixo aqui algumas explicações e dicas sobre essa fase:

  Angústia da Separação - Salto de desenvolvimento entre os 6 e 9 meses
  
 "Como se sabe o bebê humano nasce muito imaturo durante seu primeiro ano de vida vai construindo e consolidando habilidades que lhe permitirão viver (sentar, andar, comer, etc). Durante essa fase a mãe (ou cuidador substituto) estabelecem uma relação muito próxima, quase visceral com o bebê e garante que todas suas necessidades sejam atendidas.

Segundo Winnicott, o inacabado ser humano quando vem ao mundo se confunde com este. Ainda não tem definido o que é seu corpo, o que ele é, o que é o outro, o que é o mundo que o cerca. Ao sugar ao seio, mais do que olhar para este, o bebê olha para o rosto de quem o está amamentando e quando olha no rosto da mãe o que vê é ele mesmo. O bebê recém-nascido então não diferencia sua mãe dele mesmo, para ele o corpo da mãe é uma extensão de seu próprio corpo.

Aos poucos o bebê vai descobrindo seu corpo, as mãos, pés, inicia-se o desenvolvimento psicomotor ainda rudimentar e assim vai se formando uma imagem  do seu corpo. Lacan (1949) desenvolveu a ideia do estágio do espelho (originalmente postulada por Wallon em 1934), que fala mais ou menos o seguinte: quando olha para o espelho o bebê inicialmente vê um outro, só depois percebe é que ele mesmo está ali. Então primeiro vê o outro, depois esse outro é ele mesmo e dá-se a partir daí um jogo de alternância eu-outro.

É justamente nessa fase (a partir do 6º, com mais intensidade no 8º mês) que o bebê começa a tomar consciência de que ele e a mãe são distintos, e essa descoberta lhe traz angústia e medo. É importante ressaltar que para um bebê muito pequeno só existe aquilo que está no seu campo de visão, então quando a mãe não está ele pode realmente ficar em pânico.

Essa fase leva a criança a ficar mais "grudada" na mãe, gera dificuldades de sono, mais choro e falta de apetite (em alguns), porém não deve ser menosprezada. Aqui destaco um trecho do texto da Andreia Mortensen sobre o assunto:

É preciso levar a sério a intensidade dos seus sentimentos. O bebê não está “chatinho”, “grudento” nem “manhoso”. Como a mãe é o seu mundo e representa sua segurança, e como a noção de permanência (ou seja, tudo que está longe do campo de visão) não está completamente estabelecida, essa angústia é muito acentuada. A maioria das conexões nervosas no cérebro são feitas na infância e a maneira com que lidamos com as emoções do bebê tem um efeito profundo em como essas conexões se refletirão na capacidade do bebê lidar com suas próprias emoções quando for adulto. Em outras palavras, experiências na primeira infância e interação com o ambiente são as partes mais críticas no desenvolvimento do cérebro da criança. 

 
Para lidar com essa fase tão delicada encontrei no livro Soluções para Noites sem Choro algumas dicas:


1. Aumentar os cuidados diurnos com o bebê, dar mais carinho; 

2. Seguir a rotina de dormir sempre;
3. Manter fotografia da mãe próxima ao berço;
4. Se despedir do bebê ao sair, sempre dar tchau;
5. Demonstrar confiança e alegria ao deixá-lo;
6. Responder rapidamente ao choro do bebê;
7. Durante o dia faça pequenas separações do bebê, ir a outro cômodo e deixá-lo só mas escutando sua voz para que aos poucos se entenda que você voltará, que continua existindo quando sai do campo de visão dele. Brincar de esconde-esconde ajuda bastante nessa fase;
8. Evitar transferência de colo para colo. Apesar dessa ser a prática comum, entregar o bebê ao cuidador no colo, esse simples ato cria ansiedade na criança que sai dos braços da mãe para o de outra pessoa, gera um desconforto físico que só aumenta a ansiedade. Assim o ideal é fazer a transferência em outro ambiente, como no chão enquanto o bebê brinca. Inclua o cuidador nessa brincadeira, você da tchau e sai, esse é o momento do cuidador pegá-lo, aumentar a interação com o bebê."

Referências:
Artigo: A imagem corporal e a constituição do eu.
Texto: Fases de crescimento e desenvolvimento que modificam o sono do bebê e da criança
Livro: Soluções para noites sem choro. Elizabeth Pantley. M Books, 2003.
Livro: O Livro da maternagem: para mães, pais, cuidadores e doulas. Thelma B. Oliveira, Ed Schoba, 2012.

(via: Aventuras Maternais)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

amor, respeito e empatia - criação positiva e disciplina com apego

  há pouco tempo contei aqui no blog como se deu a descoberta da nossa criação com apego, e quem acompanha a nossa página também tem visto postagens e compartilhamentos que dizem respeito à uma forma de orientação das crianças sem violência, mais respeitosa e empática.
  viemos de uma geração que foi criada com violência (física, verbal e emocional) e é natural que, num primeiro momento, consideremos essa a melhor forma de conduzir a educação de uma criança. se posicionar contra palmadas e gritos é, além de quebrar um ciclo muito presente na nossa cultura, também admitir que não fomos tratados com o respeito e o amor que merecíamos. não é fácil tirar os pais do pedestal e enxergá-los como os humanos passíveis de erros que são, mexer no passado e enxergar as dores da nossa infância, dar ouvidos à criança que fomos um dia.
  Carlos e eu adotamos um mix de criação com apego e disciplina positiva na educação da Mallu. isso não significa que temos um livro de regrinhas a seguir, mas sim que procuramos nos colocar no lugar dela a cada situação que enfrentamos enquanto família. em vez de colocar um rótulo de "chorona", "birrenta", "difícil", decidimos buscar entender o que ela está sentindo e qual a melhor forma de superarmos aquele momento difícil juntos.
  um bebê (ou uma criança) não tem o mesmo desenvolvimento cognitivo e emocional que um adulto, e sei que isso parece óbvio quando dito assim, mas muitas vezes ignoramos na vida prática. quando sentimos raiva ou frustração porque nosso filho não obedece o que estamos mandando geralmente não levamos em consideração que talvez ele nem esteja entendendo o que queremos dizer com aquela rispidez e palavras de ordem. quando batemos achando que "está doendo mais em nós que neles" e que "se não apanhar em casa, vai apanhar na rua" ignoramos o fato de que o nosso descontrole emocional é o que nos leva a agressividade e, principalmente, que a violência é cíclica (o oprimido que mais tarde se transforma no opressor).
  atitudes simples podem contribuir com a evolução desse relacionamento pai/mãe-filho, como controlar a raiva antes de agir, tentar entender as emoções do bebê/da criança que faz "pirraça" e ajudar que ele/ela também entenda e expresse de outra forma, respeitar seus limites de assimilação e mostrar quais são as consequências de seus atos em vez de puni-los simplesmente.
  nós temos a responsabilidade de tornar o mundo mais amoroso, respeitoso e empático. vamos construir uma história consciente e feliz ao lado dos nossos filhos?

 
 

* imagens retiradas da página Bater em criança é covardia.
* mais informações sobre disciplina positiva na página Crescer sem violência.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

entre as expectativas mirabolantes e as reais vivências maternas

  meu sonho de vida sempre foi ser mãe. eu sabia desde bem nova que nasci pra isso.
  frequentemente me imaginava linda, radiante, jorrando amor por todos os poros, enquanto empurrava um carrinho de bebê pelo parque ou observava meu anjinho dormir tranquilo no berço.
 opa, peraí. linda e radiante? empurrar carrinho por aí? observar bebê quietinho no berço? acho que não estou falando da mesma mãe que me tornei, não é? e, admito, isso foi muito frustrante no início da minha maternagem.
  o que eu acompanhava sobre maternidade era uma realidade muito diferente da que descobri como sendo a minha tempos depois. antes mesmo de engravidar lia blogs de mães que contavam sobre o enxoval, as fotos do book gestante, a arrumação do quartinho, a banheira caríssima e trambolhenta (dica que eu sempre lia por aí: comprar com suporte porque depois da cesárea não dá pra ficar abaixando pra dar banho em bebê). sempre quis um parto normal, mas, ah, se fosse cesárea tudo bem, "o importante é o bebê vir com saúde". amamentar achava bacana, mas mamadeira e chupeta seriam partes essenciais do enxoval. e é claro que meu bebê dormiria em seu bercinho, no quartinho decorado pra ele, ao som da música do móbile superestimulante. eu poderia descansar enquanto o bebê dormisse - cada um no seu quadrado quarto, e continuar frequentando o salão e quem sabe até a academia. bebê conforto + carrinho estão aí pra facilitar a vida, não é mesmo? perto do primeiro ano do meu filho eu já teria meu corpo novinho em folha de volta, minha vida profissional tranquila e estável, o amor da minha criancinha que seria sempre tão calminha e risonha e sairia aos fins-de-semana só com o marido ou os amigos de boteco, afinal, ninguém é de ferro.
  sim, eu tinha uma alma menasmain. e antes mesmo da Mallu nascer fui obrigada a me reconstruir dentro dessas idealizações malucas. lutei pra parir, não aceitaria uma cesárea e "vocês estão bem, isso que importa" como consolo de forma alguma. a amamentação foi uma bandeira que ergui e abracei desde a primeira hora de vida da minha filha. e por mais "esse peito não tem leite" ou "ela tá com fome, seu leite não sustenta" que tenham cruzado meu caminho, continuamos firmes e fortes no nosso vínculo alimento-segurança-amor.
  tive que ajustar minhas expectativas e aprender a respeitar o ritmo daquele bebê que recebi: uma menina doce, com uma necessidade imensa de colo, de atenção exclusiva, de mamar exaustivamente, de dormir grudada em mim. o berço virou objeto de decoração e minha cama o nosso ninho. nos primeiros meses sofri com isso, os braços doíam de dormir abraçada com a Mallu, eu acordava mais ou menos 5 vezes por noite pra amamentar, não conseguia ir ao banheiro durante o dia enquanto ela dormia porque todas as sonecas eram no meu colo, almoçava em pé ninando a pequena com um braço e usando o outro pra comer. nunca gostou de ficar no carrinho, se eu insistia logo vinha um escândalo, e a única forma de carregá-la era o colo ou o sling. chorei muitas vezes achando que estava cometendo algum erro, que não era possível que só eu seria premiada com um bebê tão "dependente" (e algum bebê nasce independente nesse mundo, gente?). pedia conselhos à quem achava valer a pena e me enfurecia com os palpites maldosos e pessimistas de quem ousava se intrometer. ainda que aquela maternidade que eu exercia no dia-a-dia não fosse nada parecida com tudo que li e ouvi antes de ser mãe, me recusava a desrespeitar as particularidades da minha filha.
  aos poucos percebi - e, o mais importante, aceitei - que simplesmente aquela era a Mallu. o bebê da propaganda que dorme quietinho no berço ou o recém-nascido da minha amiga que fica tranquilo e sozinho no carrinho não são melhores que ela, são apenas diferentes. e aquela que passava a maior parte do tempo descabelada e com olheiras, cheirando a leite e com os braços preenchidos por um bebê gordinho, era a mãe que eu escolhi ser. eu poderia ter escolhido deixá-la chorar pra "aprender", dar outro leite por praticidade, delegar os cuidados à outras pessoas - mas eu escolhi ser a mãe que ela merece que eu seja.
  é certo que quando nasce um bebê nasce também uma mãe, mas o que ninguém nos conta é que essa mãe não nasce pronta. o bebê recém-chegado ao mundo modifica todo o nosso universo particular, e temos que aprender no exercício do dia-a-dia a lidar com essas mudanças. a maternidade pode ser uma bênção mas pra isso é preciso aceitá-la de peito aberto.
  passei a ver com mais amor e empatia as necessidades da minha filha. entendi que algumas coisas precisarão ser adiadas, por pura questão de prioridade. abracei minha pequena na hora de dormir e me permiti sentir o cheirinho da sua pele, o contorno do seu corpinho grudado ao meu, o som da sua respiração tranquila. carregá-la no sling passou a ser uma forma de dividir com ela meu ponto de vista sobre a vida que nos cerca. os banhos abandonaram a banheira e foram para o chuveiro, pele com pele e um tetê de brinde. brincamos as duas sentadas no chão e conversamos usando os sons que ela me ensina, as palavrinhas que descobriu como falar. não tenho mais vontade de sair sem ela, pelo menos não agora. o tempo passa tão rápido e logo meu colo vai ser pequeno demais comparado ao mundo lá fora. encontrei o prazer em maternar da forma que tomei como minha, esqueci o lugar-comum da mãe que imaginei que seria.
  me permiti ser feliz na nossa díade mãe-filha, esqueci a idéia de que preciso me encaixar naquele modelo de mãe que vendem por aí. o resultado disso é uma mulher mais segura, uma mãe mais amorosa e uma filha mais feliz. Mallu é um bebê simpático, risonho, alegre. a cada nova fase de desenvolvimento vem conquistando mais autonomia e segurança, e sei que isso é reflexo da criação apegada que recebe. ela sabe dar carinho e sabe recusar o que não lhe agrada, deixando claro que, da forma inicialmente primitiva que tem domínio nesse momento, já entendeu que merece ser respeitada.
  tenho muito orgulho de todo esse caminho que percorremos até aqui - da chupeta que dei ainda na maternidade e joguei fora quando vi que não precisávamos dela, do abraço na madrugada aceitando a nossa cama compartilhada, do peito pra fora em qualquer lugar que seja pra matar a necessidade de fome ou de aconchego, de permitir que ela dê seus primeiros passinhos rumo a conhecer o mundo à sua volta, mostrando sempre que estou logo ali do lado.
  assim como ela nasceu de um parto em que trabalhos juntas e aprendeu a mamar enquanto eu aprendia a amamentar, sei que vamos continuar de mãos dadas e corações unidos em cada nova descoberta - ela como filha, eu como mãe, nós duas como apaixonadas que somos uma pela outra.
  ainda não fiz escolha melhor que respeitar e amar a pessoa-Mallu e a pessoa-Ana. formamos uma dupla e tanto.


terça-feira, 26 de novembro de 2013

como ser excluída do clubinho das ativistas com um post - ou: mais amor, por favor

  participo de vários grupos (on e off-line) que reúnem mulheres que se interessam por parto, amamentação e maternagem em geral. considero espaços de muita importância para a construção do empoderamento materno - é onde podemos encontrar e compartilhar informações, evidências científicas, relatos de experiências pessoais. mas infelizmente o que tenho notado é que algumas pessoas participam pelo simples prazer de se sentirem maiores ou melhores que outras.
  claro que existem grupos com temas específicos como, por exemplo, sobre parto natural. as mulheres que ali estão, em sua maioria, buscam um nascimento respeitoso e livre de intervenções desnecessárias para seus filhos. outras mulheres estão ali para partilhar o conhecimento que possuem sobre o assunto, outras para dar seu relato de vivência de parto, outras tantas estão construindo internamente um caminho que ainda pretendem percorrer. muitas são as dúvidas, algumas consideradas 'ingênuas' por quem já convive no meio ativista há mais tempo, e começa aí uma abordagem que só vejo enfraquecer o movimento: respostas grosseiras, desestimulantes, arrogantes - uma imensa disputa de egos.
  às vezes tenho a impressão de que algumas ativistas têm um caderninho em mãos e vão classificando cada mulher/mãe de acordo com suas vivências e escolhas: "fez cesárea? eletiva ou intraparto? amamentou? exclusivamente até os 6 meses? amamentação prolongada? faz cama compartilhada? o bebê usa chupeta? carrega no sling ou no carrinho?" e aí decidem se aquela é uma boa mãe ou não, se merece respeito e boa vontade ou é só mais uma "mãezinha".
  acontece que cada pessoa é um mundo inteiro; simplificar tanta subjetividade é de muitíssima ignorância e prepotência. por mais que não estejamos de acordo com as escolhas que outras mulheres/mães fazem, isso não significa que somos detentoras da razão ou melhores que elas, independente do respaldo científico (ou do clubinho das 'índias-ativistas-chiitas') que temos.
  quero deixar claro que de forma alguma estou fazendo coro ao "culpa, não!" que tem surgido por aí. acredito piamente que cada mulher/mãe precisa assumir a responsabilidade de suas escolhas e lidar com as consequências que elas trarão. quem me conhece sabe muito bem que sou a "chata do parto humanizado, da amamentação, da criação com apego", pois é o que vivo e o que tento passar adiante no meio em que convivo. mas admito e aceito com humildade que o fato de ter parido, por exemplo, não me faz melhor que uma mãe que escolheu fazer uma cirurgia de extração fetal - me faz mais bem informada e empoderada - mas não melhor.
  se o que idealiziamos é mais força e instrução para todas as mulheres, se acreditamos que isso sim vai fortalece-las e empodera-las, como adotar a exclusão poderia ser benéfico? é preciso acolher, incluir, partilhar. a nossa luta é pelo o todo, e não por um clubinho exclusivo.
  no meio feminista o conceito de sororidade tem ganhado cada vez mais força, e talvez fosse a hora de levantarmos essa bandeira também nos grupos e rodas sobre maternidade. precisamos nos reconhecer como iguais, perceber que estamos do mesmo lado na batalha, que juntas somos mais fortes. não é menosprezando ou humilhando uma mulher/mãe que vamos conseguir acabar com a violência obstétrica ou a falta de empoderamento materno. já existe todo um sistema tecnocrata e machista para nos oprimir. nós precisamos unir forças, trabalhar com amor e respeito umas pelas outras.
  deixo por fim uma citação de Simone de Beauvoir: "o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos."


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Nós ♥ Fraldas de pano: Como começar a usar - Modelos - Links de vendedoras


  fiquei super feliz com a repercussão do primeiro post aqui no blog sobre as fraldas de pano modernas! muita gente interessada em conhecer melhor e entender essa "novidade" que pode mudar um pouquinho o mundo em que vivemos.

  dicas de como começar a usar:
  - eu, particularmente, escolhi comprar apenas de fabricantes nacionais. existem fraldas importadas, principalmente da China, que saem mais em conta financeiramente do que as fabricadas aqui. pra tomar essa decisão avaliei dois pontos que me são importantes: 1) prestigiar o trabalho de mulheres e mães que escolheram empreender pra ficar em casa cuidando de seus filhotes; 2) produtos fabricados na China geralmente contém resíduos químicos nocivos à saúde, e nunca sabemos a real procedência dos materiais, as condições de trabalho na fábrica, se "empregam" crianças e etc.
outro ponto positivo dessa escolha foi que, sempre que tive um probleminha ou outro com a fralda ou com o uso, as vendedoras ou fabricantes tiveram uma super disposição em me ajudar a resolver. essa é uma escolha pessoal minha, eu só compro de quem faz aqui no Brasil. no final do post também deixarei links de vendedoras de fraldas importadas pra quem optar por comprá-las.
  - a princípio compre de um pouco de várias marcas diferentes. só testando no corpinho do seu bebê você vai saber qual se adapta e atende melhor as suas necessidades. eu, por exemplo, sou apaixonada pela Fio da Terra, mas conheço quem não tenha se adaptado de jeito nenhum. recebi a seguinte dica há alguns dias: para bebês mais gordinhos - fralda com ajuste de botão, bebês mais magrinhos - fralda com ajuste de velcro. seguindo essa lógica acredito que as fraldas de velcro são melhores para os recém-nascidos.
e se você não se adaptar com marca X ou Y? existem grupos de venda e troca de fraldas de pano usadas no facebook, sempre é possível desapegar (ou adquirir fraldinhas semi-novas a preços módicos). a loja Ecco, mama! tem um programa que considero fantástico (e por onde comecei o uso aqui em casa): é um kit teste onde você escolhe as fraldas e os absorventes que quer, de diferentes marcas ou não, e testa por 3 semanas. os que não gostar, devolve pra loja e recebe em créditos o valor integral das fraldas que devolveu. se não gostar de nenhum, devolve tudo e é reembolsado o valor integral investido. não é perfeito?! para mais detalhes, entrem em contato com a Débora, dona da loja.
 - como citado no tópico acima, as fraldas precisam ser usadas com absorventes. são feitos em vários tecidos diferentes - com maior ou menor absorção, naturais ou sintéticos, noturnos ou diurnos, etc. nos próximos posts explicarei melhor sobre os absorventes, com fotos dos que eu tenho e combinações que deram certo por aqui. as fraldas cremer (aquelas branquinhas que a vovó usava, lembra?) são ótimos absorventes e de facílimo acesso.
  - a quantidade de fraldas necessárias vai depender de vários fatores como a frequência das lavagens, o tempo de secagem e a quantidade de xixis/cocôs que o bebê faz por dia. entre capas, fitteds e pockets, temos em casa 12 fraldas. como dito no post anterior, ainda usamos cerca de 2 fraldas descartáveis por dia mesmo com essa quantidade de fraldas de pano. no nosso caso o problema é o tempo de secagem porque não temos em casa uma área aberta que receba sol diretamente.
acredito que a média para usar exclusivamente as fraldas de pano e não ficar na mão (lavando a cada 2 dias, por exemplo), é entre 20 e 30 fraldas.

sobre os modelos:
quando comecei a pesquisar sobre as fraldas de pano modernas fiquei meio perdida nos nomes: pockets, fitteds, capas, pul, soft... era todo um novo mundo e eu não entendia nada de nada. admito que isso me deu uma desanimada, e por isso vou tentar explicar pra vocês de forma bem simples o que aprendi até agora:

- pockets: são fraldas com bolso interno. geralmente são feitas dos seguintes materiais: algodão por fora (onde você vê a estampa), impermeável intermediário (geralmente é em pul), microsoft por dentro (um tecido que 'enxuga' o líquido e deixa a sensação de seco na pele do bebê). você pode usar com o absorvente dentro do bolso, aproveitando a cama de microsoft ou com o absorvente fora do bolso, como uma capa. os ajustes podem ser de botão ou velcro, e podem ser por tamanho (RN, P, M, G, GG) ou tamanho único (TU), que são também ajustáveis nas pernas e nas costas por elásticos caseados. a TU pode ser usada aproximadamente dos 3 aos 15kgs - do nascimento ao desfralde, uma senhora economia.

fralda pocket TU da Fio da Terra
fralda pocket fase A-B da Fralda Bonita. os ajustes em velcro não funcionaram por aqui e fui muito bem atendida e orientada em como melhorar o uso pela fabricante.

- capas: 
lembra a calça enxuta da mamãe ou da vovó? é quase igual. o uso é o mesmo, mas o material é mais resistente (e bem mais bonitinho). 
as capas são por tamanho e ajustáveis na cintura e na perna por botões.
podem ser de algodão + impermeável como esta da primeira foto, ou feitas já de impermeável, como a segunda que é toda em pul estampado.
as capas tem secagem mais rápida, especialmente a que é feita toda em pul. não contém bolsos para colocar o absorvente, portanto ele tem contato direto com a pele do bebê.


capa em pul tamanho GG da Ninho da Coruja
capa tamanho GG da Ninho da Coruja

- capa com suporte anti-vazamentos:
também são vendidas por tamanho. secam mais rápido por serem feitas em algodão, e esse suporte anti-vazamentos é maravilhoso! ajuste feitos por botão/velcro.

capa tamanho G da Efral

- fitteds:
são fraldas feitas sem impermeável, em algodão + algodão. mais respiráveis, ideais para o calor. precisam ser checadas com mais frequência pra que não ocorram vazamentos. aqui uso com um suporte anti-vazamentos e amo! também são vendidas por tamanho e o ajuste é feito por botões ou velcro.

fitted tamanho G da Ninho da Coruja - acho a modelagem muito parecida com as pockets Fio da Terra
- fralda noturna:
são confeccionadas em microsoft + impermeável + microsoft, aumentando assim o poder de absorção. podem ser usadas como pockets (o ideal) ou como capas. ajustes feitos por elásticos caseados e botões/velcro.

fralda noturna TU da Chiquita Bakana

fralda noturna fase A-B da Fralda Bonita

existe também o modelo AIO (all in one), que é uma fralda montada: já com impermeável e absorvente. não tenho nenhuma desse tipo porque demoram mais a secar, mas sei da praticidade na hora da troca, principalmente para mandar para creches ou deixar com outro cuidador. é só colocar no bebê e fechar, assim como as descartáveis. 

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espero que tenham gostado e se apaixonado ainda mais pelas fraldinhas. estou a disposição para esclarecer quaisquer dúvidas, e o que eu não souber (ainda sou novata nesse mundo, rs) pergunto pras amigas mais experientes e trago a resposta pra vocês. podem perguntar também na página do blog (caixinha ali do lado direito, no comecinho da página).

onde comprar?*
vendedoras queridas de quem já comprei e fui muito bem atendida:

Débora Ribeiro de Oliveira - loja Ecco, mama! - perfil do facebook. a loja on-line está em manutenção.
Verde Bebê - Loja - Página do facebook. a Francis é um amor, super acessível.
Origami Mommy - página do facebook.
Silvia Ferreira - perfil do facebook.


- fabricantes:
Dayane Lima - fraldas Baby Bio - página do facebook.
Isabel Calheiros - fraldas Fio da Terra - loja 
Luisa Cardoso - fraldas Papuda - página do facebook
Áquila Priscila - fraldas Toque da Natureza - página do facebook
Simone Padilha - fraldas Sementinha Bebê - loja
Laís de Oliveira - fraldas Nós e o Davi - loja
Ana Carolina Botelho Pires - fraldas Ana Faz - loja - página do facebook
Raquel - fraldas Ninho da Coruja - loja - página do facebook
Michely Miguelote - fraldas Chiquita Bakana - loja






*este não é um plubieditorial. não estou recebendo nada para deixar o link das vendedoras e/ou fabricantes.

domingo, 17 de novembro de 2013

Nós ♥ Fraldas de Pano

 

  quando ouvi falar sobre as fraldas de pano modernas pela primeira vez, ainda na gestação, pensei que era um enorme retrocesso. ouvi a vida inteira minha mãe, tias e a avós contando a luta diária de lavar à mão mais de 30 fraldas por dia, os alfinetes que soltavam e espetavam o bebê, as fitas que não prendiam nada, os cocôs grudentos esfregados um a um no tanque. deus me livre querer mais aquela ocupação para o meu dia-a-dia, até porque hoje as fraldas descartáveis são práticas e relativamente acessíveis.
  ganhei muitos pacotes das fraldas descartáveis das minhas amigas da faculdade, das colegas de trabalho e de familiares, o que me deixou despreocupada com relação à reabastecer o estoque por um bom tempo. acontece que a medida que a Mallu foi crescendo uma alergiazinha foi aparecendo dependendo da marca da fralda que usávamos. só aí mais de 20 pacotes foram perdidos. e a medida que testávamos outros, eu percebia que a pele passava por vermelhidão, às vezes ficava áspera, apareciam uns cortezinhos. não queria que minha pequena passasse por aquilo, com tantos componentes químicos em contato direto com partes tão sensíveis do seu corpo... e também não queria jogar tanta fralda no lixo sabendo que iam demorar centenas de anos pra se decompor. decidi voltar a pesquisar sobre as tais fraldas de pano modernas com as quais tive contato breve durante a gestação.
  foi amor à segunda vista! li muito sobre o assunto, entrei em grupos de mães e fabricantes (sim, geralmente os dois ao mesmo tempo, o que é super bacana porque assim apoiamos o empreendedorismo de mães como nós), conversei com algumas pessoas que aderiram à causa, e decidi que queria isso pra Mallu e queria isso pro planeta.
  assim que pude fui num encontro de mães aqui em BH onde a Débora (da loja Ecco, mama!) estaria com as fraldinhas pra vender e pra explicar sobre o uso. ela foi super receptiva, me deu algumas dicas e fiz minha primeira compra: 1 fralda Efral, 1 capa Ninho da Coruja, 2 fraldas pocket Fio da Terra, 2 absorventes atoalhados e 2 liners de soft (não se intimidem, em outro post vou explicar todos esses nomes e a funcionalidade de cada acessório timtim por timtim).
  era um acervo bem pequeno mas deu pra começar a testar. e aí sim o amor se consolidou! Mallu ficou super confortável desde o primeiro uso, não se sentiu incomodada com nada. já de início a combinação absorvete atoalhado + capa durou mais de 3hrs de uso (que também é o tempo médio recomendado para a troca da fralda descartável). sem contar que as fraldinhas são as coisas mais lindas e fofas desse mundo, dá vontade de comprar uma de cada (tô viciada, admito).
  ainda estamos em fases de testes - usando marcas diferentes, combinações de absorventes e tecidos diversos, avaliando o que atende melhor as necessidades em cada horário e etc. já substituímos quase por completo o uso das fraldas descartáveis pelas fraldas de pano (geralmente usamos 1 descartável pra dormir e outra se houver necessidade - como temos ainda poucas de pano não dá tempo de lavar e secar pro uso ser contínuo). minha meta é que até o próximo mês só reine aqui o bumbunzão de pano.
  ah, e o trauma que minhas queridas mãe, tias e avós me passaram? sumiu! a lavagem é muito simples e prática, não gasto mais de 10 minutos do meu dia com isso. e a economia também se reflete em outros detalhes, já que usa-se pouquíssimo sabão (ou nenhum) nas lavagens, é proibido usar amaciante e passar as fraldas a ferro.
  pra quem está em dúvida se vale a pena o investimento: sim, vale muito a pena! seu bolso agradece, a pele do seu bebê ainda mais e cada ser vivo do nosso planeta também! acredito que o que nós fazemos tem o poder de transformar o mundo e que viver é um ato político. estamos sempre tomando partido de causas que nos são pares mesmo que sem total consciência disso. algo que parece pouco a primeira vista pode mudar um pedacinho do nosso futuro e do nosso mundo, e isso é uma responsabilidade incrível.

 sobre a lavagem, a nossa rotina de uso e o 'abc' das fraldas conto durante a semana em outras postagens. no fim dos posts deixarei também os contatos das vendedoras de quem já comprei (todas um amor).


Por que usar fraldas de pano?

Razões ecológicas
Um bebê utiliza em média 5000 fraldas descartáveis até o desfralde
Cada fralda descartável levará de 250 a 500 anos para ser decomposta
2% dos lixos urbanos são fraldas descartáveis
No Brasil, mais de 200 fraldas são descartadas POR SEGUNDO (17.625.600 fraldas por dia!!!)
A fralda de pano consome água, sabão e energia elétrica para ser lavada, mas a descartável também consumiu água, energia e celulose para ser feita. Ah, ela também liberou toxinas no processo de branqueamento!
Fraldas lavadas com consciência e economia dos recursos com certeza consumirão menos que as descartáveis.
A água utilizada na lavagem das fraldas pode ser reaproveitada para lavar a casa, o quintal, etc.
As fezes são despejadas diretamente no vaso sanitário ao invés de serem acumuladas nos lixões, o que causa ploriferamento de doenças.
Fraldas de pano NÃO PRECISAM (e não devem!) SER PASSADAS! Economizam energia, tempo e dinheiro!

Cuidados com o bebê
Fraldas descartáveis estão cheias de toxinas, poluentes e de um pó que se torna o gel absorvente (SAP - poliacrilado de sódio), relacionado à síndrome do choque tóxico¹.
Fraldas descartáveis estão relacionadas a casos de superaquecimento escrotal, que pode levar a infertilidade na idade adulta².
Fraldas de pano evitam dermatites e assaduras.
Fraldas de pano não requerem o uso de pomadas, o que permite que a pele respire e desenvolva sua imundade!
Ao usar fraldas de pano os pais necessariamente desenvolvem sua interação com o bebê, atentando para o ritmo biológico dos filhos e reparando mais prontamente se houver alterações no mesmo.
Conforto para o bebê: imagine-se usando absorventes menstruais descartáveis por 700 dias ininterruptos. Colabore com seu filho, coloque uma fralda de pano nele!

1 Allsopp, Michelle.  Achieving Zero Dioxin: An emergency strategy for dioxin elimination.  Setembro, 1994.  Greenpeace.  http://archive.greenpeace.org/toxics/reports/azd/azd.html
2 C-J Partsch, M Aukamp, W G Sippell Scrotal temperature is increased in disposable plastic lined nappies. Division of Paediatric Endocrinology, Department of Paediatrics, Christian-Albrechts- University of Kiel, Schwanenweg 20, D-24105 Kiel, Germany. Arch Dis Child 2000;83:364-368.
Busque em http://adc.bmjjournals.com pelo nome do estudo.

Razões econômicas
Aqui seremos bem honestos: fralda de pano pode ser MUITO mais barato que descartável. Mas também pode não ser assim tão barato, dependendo das fraldas e acessórios usados.
No geral, diz-se que fraldas descartáveis te fazem gastar em média R$2.000,00 até o desfralde. Já com fraldas de pano, se comprarmos, por exemplo 20 fraldas das mais caras, de aproximadamente R$40,00 + 30 absorventes de R$15,00, temos 1.250,00. Aí vai entrar ainda uma bolsinha de fralda suja, uns lencinhos para higiene, um pouco mais na conta de água, energia... sabão nem vou contar porque gasta muito pouco! E, mesmo assim, ainda fica mais barato!
Ah, você ainda vai economizar em:
pomadas para assaduras
lenços umedecidos
algodão (recomendamos o uso de paninhos laváveis no lugar destes)
saídas de casa para comprar um pacote de fraldas porque acabaram!
O investimento inicial das fraldas de pano é maior, mas sempre é possível parcelar ou ir comprando aos poucos!


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Blogagem Coletiva: maternidade e carreira profissional - é possível vivenciar ambas com felicidade?

   peço sinceridade: você que é mãe e profissional se sente plena no exercício de ambas as funções? se sim, quais arranjos criou para que isso fosse possível?

  pergunto porque, no meu caso, a resposta é não.
  desde que voltei da licença maternidade estou em conflito e insatisfeita tanto no papel de mãe quanto no papel de profissional. trabalho na biblioteca de uma escola municipal e, antes da gravidez, ia embora agradecendo aos céus pelo trabalho incrível que me realizava tanto. eu podia conciliar coisas que amo - leitura, crianças, cuidados -, trabalhar meio horário e continuar a faculdade que era minha paixão.
  a gravidez da Mallu não foi planejada e isso não é segredo pra ninguém. mas assim que ela se fez presente me tomou inteira, me moldou, refez meu olhar. exigiu mais presença e disposição, e me vi trancando o curso que sempre sonhei em fazer, onde tinha bolsa integral. não me arrependo - tenho muitos anos pra estudar e me formar, e minha filha pediu urgência. ela é minha prioridade.
  tive uma licença de 6 meses e mais 1 mês de férias, o que reconheço como o privilégio que é. pude ficar em casa aprendendo a ser mãe da Mallu e cumprir com os 6 meses de aleitamento materno exclusivo sem complicações. ao retornar ao trabalho fui bem recebida e sei que tenho o apoio necessário da maioria dos meus colegas pra conciliar meus horários, o trabalho e a maternagem. não tenho um local específico para ordenhar meu leite, mas posso fazê-lo dentro da sala onde trabalho, e fui autorizada a usar o freezer da cozinha para armazená-lo corretamente. quando não consigo ordenhar antes de vir trabalhar, o Carlos traz a Mallu para mamar aqui. são sempre bem recebidos e nunca houve reclamação. como minha carga horária é de 6hrs/dia, passo a tarde e a noite grudada na minha pequena, o que também reconheço como privilégio. não teria por que reclamar do meu trabalho.
  acontece que eu nunca fui uma pessoa mediana, não sei ser assim. preciso de tesão em tudo o que faço, e mais do que isso, preciso me sentir inteira ao faze-lo. a rotina é corrida e acabo não me doando 100% em nenhuma das atividades que exerço, o que me desestimula completamente. venho me sentindo culpada por não ter a mesma disposição de antes nos cuidados e brincadeiras com a minha filha que, como disse anteriormente, é minha prioridade. nosso vínculo tão incrível tem se enfraquecido em alguns momentos porque eu não consigo me contentar com a maternagem 'pela metade' que sou obrigada a praticar.
  isso não significa que negligencio qualquer cuidado que seja quando se trata da Mallu, nem que perco a paciência, ou que não sinto prazer em estar com ela. é exatamente o contrário: me culpo por não ter tanto tempo ou tanta disposição pra viver plenamente essa nossa relação maravilhosa, que me faz tão feliz.
  se eu pudesse deixar o trabalho pra me dedicar à maternar exclusivamente nesses primeiros anos de vida da minha filha, eu o faria. o que acontece é que no meu caso (e no de milhares de outras mulheres) não é uma questão de escolha. a renda que meu emprego proporciona é essencial no nosso orçamento e nem que apertássemos muito conseguiríamos viver sem ela. poder decidir entre trabalhar fora ou não é uma situação de privilégio.
  ao mesmo tempo em que sou 'obrigada' a trabalhar, não existe uma rede de apoio que torne isso possível. no momento a Mallu fica com o pai enquanto estou trabalhando, mas em breve essa situação vai mudar e ele não vai estar em casa nesse horário. e aí, como faremos? não podemos depender do favor e da boa vontade de ninguém - porque sim, deixar o filho com a avó, a tia, a madrinha, é depender de favor e boa vontade. o Estado deveria garantir boas creches com vagas para TODAS as crianças que necessitam, e sabemos que isso não acontece. berçário no trabalho então... é sonhar demais dentro da minha realidade. não tenho renda suficiente para pagar um berçário ou uma babá - sem falar da questão da terceirização dos cuidados que não me agrada nem um pouco. e então, o que fazer?
  nesse momento estou infeliz com a minha relação profissional x materna. ainda não encontrei a minha solução, não consegui me satisfazer e ficar com a consciência tranquila. acredito que os alunos da escola não merecem uma funcionária pela metade, assim como minha filha não merece uma mãe sempre cansada e insatisfeita. tenho dado o melhor que posso pra preencher as lacunas, mas admito que não é fácil e ainda não consegui me encontrar nesse novo percurso.

http://femmaterna.com.br/blogagem-coletiva-maternidade-e-carreira-profissional-como-nao-conciliar-essas-duas-coisas/
 
  esse texto soou como um desabafo, mas preciso ser sincera com minha situação atual e com o que sinto a respeito dela. acredito que com uma rede de apoio, licença maternidade mais longa, carga horária reduzida ou negociável, espaços destinados à amamentar ou ordenhar o leite, creches ou berçários próximos ou anexos ao local de trabalho e empatia da parte dos colegas e chefes, seria mais fácil exercer com prazer e plenitude tanto o profissional quanto a maternagem. infelizmente essa é uma realidade utópica no momento - pelo menos pra mim e tantas outras mulheres que ouço desabafar o cansaço com a lida diária.
  particularmente tenho que descobrir como conciliar e ser feliz com os papéis que preciso desempenhar e, sinceramente, não faço a mínima idéia de por onde começar. dicas, palpites, experiências? antes que a culpa materna me engula ou eu jogue tudo pro alto, sim?

sábado, 12 de outubro de 2013

os dias das crianças

 ouço muito: "você não coloca limites nessa menina, ela ainda vai te dar muito trabalho!"
pois é isso mesmo que eu quero: que ela me faça trabalhar o corpo e a mente, trabalhar minhas mais fervorosas convicções, meus medos mais escondidos, meus preconceitos mais arraigados, todas as minhas certezas absolutas.
  quero que a minha filha tenha a liberdade de se expressar como preferir - por meio do choro, do riso, da raiva, do carinho, da arte. e que ela saiba que, qualquer que seja sua expressão, será sempre respeitada.
  quero que ela se sinta segura o suficiente pra me dizer "não!", pra se opor ao que eu penso, pra discutir idéias de igual pra igual, pra bater de frente defendendo o que acredita.
  quero que ela tenha autonomia sobre o próprio corpo, que decida sozinha como, quando e com quem se relacionar, sem medo de represálias. que ela se ame em suas particularidades, aceite as diferenças que seu corpo carrega, veja a beleza de cada uma delas.
  quero que ela saiba que ninguém pode tocá-la sem seu consentimento. que ela denuncie e se defenda de todo o tipo de violência, que não aceite de forma alguma que lhe firam física, sentimental ou intelectualmente.
  quero que ela tenha pelas pessoas o mesmo respeito que terá por si mesma. que não ultrapasse o limite do outro, que não se sinta no direito de usar ou magoar qualquer um que seja.
  quero que a Mallu saiba dar seus passos sozinha, sem ficar esperando por aprovação ou buscando atender as expectativas que despejarem em cima dela.
  e quero que ela saiba que mesmo que nossos ideais não sejam os mesmos ou que eu não esteja sempre de acordo com a sua busca, estaremos juntas pelo mesmo caminho, com as mãos dadas e o coração em sintonia.


  nesse primeiro dia 12 de outubro com a minha pequena aqui comigo, o que desejo é que todas as crianças sejam respeitadas como seres únicos e subjetivos que são. que deixem de ser violadas, abusadas, exploradas, ignoradas. que nós, adultos guardando crianças há tanto emudecidas, saibamos vê-las com olhos de empatia, respeito, igualdade. que possamos dar valor à sua voz e ouvidos ao seu silêncio. que deixemos que sejam crianças, sem cobranças excessivas, sem impor limites que enclausurem. que os nossos pequenos e pequenas possam levar com leveza cada aprendizado dessa fase tão importante, que se sintam acolhidos e apoiados, que tenham certeza que ao lado delas há um adulto prezando por sua felicidade.



"Educação, para muita gente, significa tentar levar a criança a se parecer com o adulto típico. Para mim, significa tornar criadores, inventores, não conformistas."

- Jean Piaget

feliz dia das crianças ;)

terça-feira, 1 de outubro de 2013

das mudanças que a maternidade me trouxe: eu escolhi respeitar

  ouvi muitas "piadinhas inofensivas" na minha infância. estaria mentindo se dissesse que elas não me afetaram e afetam até hoje.
  antes de dormir, eu sempre brincava com minha mãe, meu pai e meus irmãos de mímica. numa dessas vezes eu estava imitando não me lembro o que, e meu pai sempre dizia: "é um elefante!", e eu negava voltando a imitar. ele repetia: "é um elefante sim!" e caía na gargalhada. percebi que ele estava me chamando de gorda - como sempre - e saí correndo e chorando pro quarto. nunca mais brinquei de mímica.
  muitas vezes me falaram na "brincadeirinha" que eu era preguiçosa, que não fazia nada direito, que era lerda. na verdade até hoje ouço uns "comentários espirituosos" assim e, admito, ainda fico um pouco desconcertada.
  me acostumei a rir. fingia que não me importava, emendava outra "piadinha", contribuía com o menosprezo que me ofereciam, sempre sorrindo. doía, é claro, mas quem iria se importar? era só brincadeira.
  quando comecei a conviver com a família do Carlos percebi que aquele tipo de "descontração" não era exclusividade da minha família - sempre saíam "piadinhas" com alguma característica considerada defeito de um de nós dois. continuei rindo, acrescentando uma bobeirinha aqui, outra ali. ainda doía, mas e daí? estávamos acostumados.
  e eu comecei a pensar em como seria quando a Mallu estivesse aqui. qual "defeito" dela as pessoas destacariam e zombariam. fiquei aterrorizada só de imaginar que minha filha poderia se sentir insegura ou rejeitada como me senti algumas vezes com esse costume da minha família. e decidi que precisava de forças pra, em mais um aspecto da nossa vida, quebrar o ciclo.
  essa foi uma mudança muito difícil de conseguir colocar em prática, afinal fui habituada por uma vida inteira a rir de comentários pejorativos sobre pessoas que amo ou sobre mim mesma. há um bom tempo já não participava de "piadas" que fossem machistas, racistas, homofóbicas, transfóbicas ou opressoras de qualquer forma, mas ainda assim foi difícil vencer o desrespeito que me acostumei a praticar comigo mesma e com os que me cercam.
  eis que a Mallu chegou e o instinto de proteção (e de respeito) gritou mais alto. ouvi algumas piadinhas sobre ela que não gostei - a cor da pele, o cabelo, a mania que ela tem de chupar a língua, o "excesso" de colo, as orelhas que não são furadas - impressionante como tudo é motivo, não é? não ri, não participei, deixei claro que aquilo me incomodava e por vezes fui mais grosseira do que gostaria. tudo porque não quero que minha filha carregue essas marcas que aos poucos vão se transformando em traumas, inseguranças, medos, rejeição.
  então percebi que se eu fui capaz de fazer isso por ela, também seria capaz de fazer por mim e pelo meu companheiro. se ouço piadinhas me chamando de lerda, por exemplo, não rio e peço que a pessoa me explique com base em que ela acha isso de mim. se alguém faz piada do Carlos não compartilho dos risinhos e me imponho com a minha opinião sobre a pessoa maravilhosa que ele é. chega de aceitar esse peso que vem em forma de descontração. não, não é engraçado. não faz bem. chega.
  assim como não vou permitir jamais que alguém se sinta no direito de agredir minha filha fisicamente, também não permitirei que a agridam com rótulos pejorativos e achem graça em cima disso. claro que ela terá defeitos e dificuldades, mas vamos trabalhar juntas em cima disso com respeito e carinho, e não com deboche e desprezo.
  sou muito grata à meus pais por várias coisas na minha criação, mas da mesma forma sei que tenho muitos ciclos a quebrar para não repetir com a Mallu tantas coisas que me machucaram. é um trabalho difícil, diário, desgastante. mexe com o que temos escondido lá no fundo, com a suposta perfeição dos nossos pais, com a criança que ignoramos e calamos por tanto tempo. mas os frutos recompensam: aprender a se respeitar e respeitar o outro, a se amar e amar o outro - com defeitos, qualidades, seja do jeito que for. sorrir juntos em vez de rirem um do outro, andar lado a lado e não criar um abismo entre pessoas que se amam.
  faço isso pela Mallu sim, mas também por mim e pelo Carlos. e sei que é um passo importante pra nós enquanto crianças-esquecidas e principalmente enquanto família.
  e vocês, que ciclos precisam romper?


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Malluquices Paternas: As músicas da Mallu


Desde a barriga a Mallu gosta de musica. Dizem que bom gosto vem de berço... É mentira: no caso da Mallu vem é de barriga.
Lembro-me de uma noite em que eu estava tocando violão com a Ana barriguda - toquei  “Detalhes”,  Roberto Carlos – e a nossa menina chutou enquanto eu cantava “se um outro cabeludo aparecer na sua rua...” . Naquela época sempre que tinha um tempo tava eu sentado do lado da Ana com o violão na mão.
 Nasceu a Mallu e quando ela acordava de madrugada ou antes de dormir a gente vinha para a sala aqui de casa, entrava no youtube e digitava - Debaixo d'agua - Maria Bethania, e ouvia repetidamente até ela acalmar e dormir. Ouvia também muita coisa que gosto mas ela sempre teve as próprias preferências, por exemplo: eu gosto muito das musicas do Marcelo Camelo e a Ana também gosta, agora coloca alguma coisa dele ou Los Hermanos perto da Mallu e você terá um problema . Na verdade isso era quando ela tinha seus 2 ou 3 meses, hoje eu não sei como seria, até  porque agora só escuto no fone.
 Quando eu descobri que dava pra tocar violão e ficar com a Mallu no colo ao mesmo tempo foi tipo unir o útil ao agradável, juntar a fome com a vontade de comer. Isso foi quando ela tinha 3 meses. A preferida dela nessa época era “Boa Pessoa”, d’ A Banda Mais Bonita Da Cidade. A mamãe até gravou um vídeo da gente tocando junto, vocês já viram?
 Ahh e tem também as musicas que a mamãe canta pra ela e com ela. Tem uma que eu adoro a letra é assim:

“Bem- vindo, meu novo ser
Cercado de proteção
De tanto amor tanta paz
Dentro do meu coração
É como se eu tivesse 
Esperado toda vida pra te embalar...”

 Ela se chama "Renascimento", da Isadora Canto,  e é linda. A mamãe também canta pipiripiradinha e a Mallu fica toda serelepe, escuta junto com ela  “O Rato”, Palavra Cantada e quantas vezes eu já me peguei cantando com a voz bem aguda “Lua brilhante, lua crescente declaro ser seu mais lindo amante”.  Desde o primeiro mês ela ouvia o disco todo do Pato Fu - Musica de Brinquedo, e Radio Radinho que só toca musica boa que agrada as crianças e os pais.
 A preferida na hora do soninho é “A Carta”, Erasmo Carlos, o problema é que às vezes eu tenho que cantar umas 8 vezes seguidas e se eu tento cantar outra ela não dorme. Até o hino do Galo eu tenho tentado e só quando o sono tá tomando conta mesmo que ela não reclama.
 Tocar violão hoje em dia é mais divertido, ela participa e abafa todas as cordas e depois solta, canta junto ou só fica olhando, e quando cansa pede colo pra mamãe.  Mallu adora música mas algumas vezes gosta mais do silêncio.
 Nem nove meses de vida fora da barriga e já tem um baita gosto musical! Assim... na minha opinião... rs.

menos de 10 dias de vida fora da barriga e curtindo o violão do papai ♥

terça-feira, 24 de setembro de 2013

os últimos meses foram assim:


com 5 meses:



- Mallu passou a enxergar como a gente enxerga, como se de repente o mundo ficasse em resolução HD. daí ficou apaixonada pela porta e pela janela onde entrava a luz bonita do sol. se encantou pela Chérie e a seguia com os olhos se agitando toda animadinha. reconhecia e soltava risinhos quando via a mamãe ou o papai. quando eu passava ao lado dela era uma sessão de bracinhos balançando e gritinhos alegres. foi aí que percebi que suas cores favoritas são laranja e amarelo.

- passou a ter mais interesse nos brinquedinhos e mordedores. passava de uma mão pra outra, segurava com as duas e - claro - levava à boca.

- a necessidade de sucção era tão grande que, quando não tava agarrada no peito, chupava meus braços até deixar marquinhas.

- tinha uma mania de fazer bicos que eu achei a coisa mais linda.

- começou a sentar com apoio.

- conseguiu pegar o pézinho e colocar na boca.

- a simpatia estava chegando ao fim: já não gostava de colos de estranhos, chorava e pedia pra voltar pra mamãe.

- demonstrou ter ciúme pela primeira vez: coloquei a Duda (minha afilhada) no colo e Mallu, que estava toda serelepe brincando com o papai, começou a chorar e se jogar pro meu lado.

teve também:

- visita pra tia Carla e pro Gui, reforçando a amizade que se formou junto com os dois dentro da barriga


- manifestação pelo passe livre em BH e ato brincante em apoio às manifestações no brasil todo. ah, e antes disso teve Marcha das Vadias, aos 4 meses. bebê politizada é outra coisa ;)

ato brincante na praça da liberdade

 vem pra rua!

marcha das vadias


- passeio de metrô e visita à tia Bella



com 6 meses:



- introduzimos os sólidos. essa é uma história que precisa ser contada à parte, mas já adianto que a aceitação não foi muito boa. o negócio dessa menina é tetê da mamãe.

- começamos a treinar pra minha volta ao trabalho. titia e papai davam leite no copo de treinamento (com bico rígido e sem válvula), mas ela também não aceitava muito bem. babava tudo.

- passou a ficar sentada sem apoio, mas rapidinho tombava pros lados.

- virava de bruços toda hora e ficava nessa posição brincando. arrastava pela cama mas ainda não tinha ido pro chão.

- passou a estranhar muuuito as pessoas com quem não convive.

- acho que foi nesse mês que passamos pela angústia da separação. ela acordava de madrugada chorando forte, e só se acalmava quando sentia meu abraço. gritava com desespero só de me ver ir pra outro cômodo, queria só o meu colo.

teve também:

- aniversário de 50 anos da vovó ♥



- passeio na casa da tia Márcia que encantou a pequena com um chocalho



- foi campeã das américas junto com o papai. #Galo

#Galo

- atividades montessorianas



com 7 meses:



- 7 meses e 9 dias, exatamente, o primeiro dentinho rasgou a gengiva. coisa linda! presente pra mamãe um dia antes da volta ao trabalho.

- sobre a volta do trabalho já contei aqui. depois desse primeiro dia, onde enfrentamos uma situação familiar horrível, ela teve febre de noite. nada tira da minha cabeça que essa foi uma febre emocional.

- passou a ficar um bom tempo sentada sem apoio e sentou sozinha pela primeira vez.

- aceitou melhor as frutinhas, mas quando oferecidas em BLW (não sabe o que é isso? daqui a pouco eu explico em um post sobre a introdução alimentar)

- começou a tentar engatinhar em cima da cama. muitos tombos e muita evolução!

teve também:

- passeio no parque das Mangabeiras com a tia Carla e o Gui-gui-lindo:

olha as caras... tal mãe, tal filha

- visita da tia Graci(nha):



- passeio no parque das Águas com o papai e a mamãe:



- primeiro dia dos pais com o melhor pai do mundo:

meus amores lindos!

com 8 meses:



- o segundo dentinho rasgou a gengiva! com isso vieram uma irritação grande com a boquinha e mordidas no peito da mamãe.

- se alimenta melhor quando tá com o papai, mas com a mamãe só quer saber de peito.

- toma mais ou menos 120ml por 'mamada' no copinho na minha ausência, o que tem feito ser difícil manter o estoque de leite. mas vamo que vamo.

- tá com mania de puxar os cabelos ou dar soquinhos na cabeça enquanto mama. alguém me diz de onde essa menina tirou isso?

- muita gritaria! gritinhos de alegria, de nervosismo, de pura vontade de gritar... linda linda linda!

- o "engatinhamento" evoluiu muito: foi pro chão, começou a engatinhar de ré, aprendeu a fazer força pra ir pra frente mas não saía do lugar. agora já dá uma volta na sala com certa rapidez, daqui a pouco ninguém segura minha menina!

- faz muuuuuita força pra ficar em pé. acho que ainda não ficou porque não passa tempo nenhum no berço, não tem onde se apoiar (o que vai mudar em breve com a adaptação do quartinho dela pro método montessoriano - outro assunto pra post!).

- chama a Chérie o dia inteiro! pois é, não foi "papai" nem "mamãe" a primeira palavra: foi RÍÍÍÍ! mas solta "babai" quando quer e "mamãe" quando o desespero tá forte, hahaha.

- o vocabulário de "nenenês" dela é incrível! conversa o dia todo! já teve uma fase de repetir "babababá", "guigui", "guigu", "guigé", "géguin"... agora mistura tudo, junta outras sílabas e juuura que tá inteligível.

- é muito observadora. repara detalhes, quer ver de mais perto, se joga na direção do que chama a atenção dela.

- descobriu o dedo indicador e ele parece uma setinha, fica esticado o tempo todo futucando pra lá e pra cá. ah, e começou a fazer o movimento de pinça!


ufa! terminei! e devo ter esquecido um monte de coisas. cês me desculpem, mas depois da gravidez a pouca memória que eu tinha foi-se embora.
só sei ter orgulho por cada detalhe do desenvolvimento da minha pequena, e o amor que cresce diariamente quando eu achava que era impossível ser maior do que é.