sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Blogagem Coletiva: maternidade e carreira profissional - é possível vivenciar ambas com felicidade?

   peço sinceridade: você que é mãe e profissional se sente plena no exercício de ambas as funções? se sim, quais arranjos criou para que isso fosse possível?

  pergunto porque, no meu caso, a resposta é não.
  desde que voltei da licença maternidade estou em conflito e insatisfeita tanto no papel de mãe quanto no papel de profissional. trabalho na biblioteca de uma escola municipal e, antes da gravidez, ia embora agradecendo aos céus pelo trabalho incrível que me realizava tanto. eu podia conciliar coisas que amo - leitura, crianças, cuidados -, trabalhar meio horário e continuar a faculdade que era minha paixão.
  a gravidez da Mallu não foi planejada e isso não é segredo pra ninguém. mas assim que ela se fez presente me tomou inteira, me moldou, refez meu olhar. exigiu mais presença e disposição, e me vi trancando o curso que sempre sonhei em fazer, onde tinha bolsa integral. não me arrependo - tenho muitos anos pra estudar e me formar, e minha filha pediu urgência. ela é minha prioridade.
  tive uma licença de 6 meses e mais 1 mês de férias, o que reconheço como o privilégio que é. pude ficar em casa aprendendo a ser mãe da Mallu e cumprir com os 6 meses de aleitamento materno exclusivo sem complicações. ao retornar ao trabalho fui bem recebida e sei que tenho o apoio necessário da maioria dos meus colegas pra conciliar meus horários, o trabalho e a maternagem. não tenho um local específico para ordenhar meu leite, mas posso fazê-lo dentro da sala onde trabalho, e fui autorizada a usar o freezer da cozinha para armazená-lo corretamente. quando não consigo ordenhar antes de vir trabalhar, o Carlos traz a Mallu para mamar aqui. são sempre bem recebidos e nunca houve reclamação. como minha carga horária é de 6hrs/dia, passo a tarde e a noite grudada na minha pequena, o que também reconheço como privilégio. não teria por que reclamar do meu trabalho.
  acontece que eu nunca fui uma pessoa mediana, não sei ser assim. preciso de tesão em tudo o que faço, e mais do que isso, preciso me sentir inteira ao faze-lo. a rotina é corrida e acabo não me doando 100% em nenhuma das atividades que exerço, o que me desestimula completamente. venho me sentindo culpada por não ter a mesma disposição de antes nos cuidados e brincadeiras com a minha filha que, como disse anteriormente, é minha prioridade. nosso vínculo tão incrível tem se enfraquecido em alguns momentos porque eu não consigo me contentar com a maternagem 'pela metade' que sou obrigada a praticar.
  isso não significa que negligencio qualquer cuidado que seja quando se trata da Mallu, nem que perco a paciência, ou que não sinto prazer em estar com ela. é exatamente o contrário: me culpo por não ter tanto tempo ou tanta disposição pra viver plenamente essa nossa relação maravilhosa, que me faz tão feliz.
  se eu pudesse deixar o trabalho pra me dedicar à maternar exclusivamente nesses primeiros anos de vida da minha filha, eu o faria. o que acontece é que no meu caso (e no de milhares de outras mulheres) não é uma questão de escolha. a renda que meu emprego proporciona é essencial no nosso orçamento e nem que apertássemos muito conseguiríamos viver sem ela. poder decidir entre trabalhar fora ou não é uma situação de privilégio.
  ao mesmo tempo em que sou 'obrigada' a trabalhar, não existe uma rede de apoio que torne isso possível. no momento a Mallu fica com o pai enquanto estou trabalhando, mas em breve essa situação vai mudar e ele não vai estar em casa nesse horário. e aí, como faremos? não podemos depender do favor e da boa vontade de ninguém - porque sim, deixar o filho com a avó, a tia, a madrinha, é depender de favor e boa vontade. o Estado deveria garantir boas creches com vagas para TODAS as crianças que necessitam, e sabemos que isso não acontece. berçário no trabalho então... é sonhar demais dentro da minha realidade. não tenho renda suficiente para pagar um berçário ou uma babá - sem falar da questão da terceirização dos cuidados que não me agrada nem um pouco. e então, o que fazer?
  nesse momento estou infeliz com a minha relação profissional x materna. ainda não encontrei a minha solução, não consegui me satisfazer e ficar com a consciência tranquila. acredito que os alunos da escola não merecem uma funcionária pela metade, assim como minha filha não merece uma mãe sempre cansada e insatisfeita. tenho dado o melhor que posso pra preencher as lacunas, mas admito que não é fácil e ainda não consegui me encontrar nesse novo percurso.

http://femmaterna.com.br/blogagem-coletiva-maternidade-e-carreira-profissional-como-nao-conciliar-essas-duas-coisas/
 
  esse texto soou como um desabafo, mas preciso ser sincera com minha situação atual e com o que sinto a respeito dela. acredito que com uma rede de apoio, licença maternidade mais longa, carga horária reduzida ou negociável, espaços destinados à amamentar ou ordenhar o leite, creches ou berçários próximos ou anexos ao local de trabalho e empatia da parte dos colegas e chefes, seria mais fácil exercer com prazer e plenitude tanto o profissional quanto a maternagem. infelizmente essa é uma realidade utópica no momento - pelo menos pra mim e tantas outras mulheres que ouço desabafar o cansaço com a lida diária.
  particularmente tenho que descobrir como conciliar e ser feliz com os papéis que preciso desempenhar e, sinceramente, não faço a mínima idéia de por onde começar. dicas, palpites, experiências? antes que a culpa materna me engula ou eu jogue tudo pro alto, sim?

3 comentários:

dani embaixo da cama disse...

A culpa eh o seu maior problema. Sua vida trabalhando meio período numa biblioteca e mãe de uma linda bebe, deveria ser maravilhosa. Vejo mães que trabalham 10 horas por dia em lugares extremamente estressantes e precisam deixar seus filhos numa escola integral. Não tenha duvida de que vive um privilegio maravilhoso. E que sua bebe eh muito feliz. Eh o que eu acho... Desculpe-me qq coisa, mas livre-se dessa culpa sem sentido e seja feliz!!! Trabalhar eh cuidar tb...

Unknown disse...

Pra mim voltar a trabalhar fora não foi uma boa experiência, quando voltei da licença maternidade minha Malu só tinha 4 meses, mamava no peito e não queria pegar a mamadeira de jeito nenhum, doía muito, ligava pra casa e minha bebê estava chorando de fome, pq não queria a mamadeira e sim o Leitinho da mamãe, ela só mamava a mamadeira qnd a fome era muita e não tinha jeito, só consegui trabalhar um mês, mas Deus é tão bom que me deu a oportunidade de trabalhar em casa, e depois que ela fez um ano, comecei uma lojinha virtual de brindes de festas, com coisinhas que aprendi preparando a festinha dela de um aninho. E pude acompanhar todo desenvolvimento dela, trabalhar em casa não é nada fácil, trabalho muito mais do que se trabalhasse fora, mas minha recompensa e poder estar com ela e acompanhar todo o desenvolvimento dela.

Bjsss
www.mommydamalu.blogspot.com

Unknown disse...

Pra mim voltar a trabalhar fora não foi uma boa experiência, quando voltei da licença maternidade minha Malu só tinha 4 meses, mamava no peito e não queria pegar a mamadeira de jeito nenhum, doía muito, ligava pra casa e minha bebê estava chorando de fome, pq não queria a mamadeira e sim o Leitinho da mamãe, ela só mamava a mamadeira qnd a fome era muita e não tinha jeito, só consegui trabalhar um mês, mas Deus é tão bom que me deu a oportunidade de trabalhar em casa, e depois que ela fez um ano, comecei uma lojinha virtual de brindes de festas, com coisinhas que aprendi preparando a festinha dela de um aninho. E pude acompanhar todo desenvolvimento dela, trabalhar em casa não é nada fácil, trabalho muito mais do que se trabalhasse fora, mas minha recompensa e poder estar com ela e acompanhar todo o desenvolvimento dela.

Bjsss
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