quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Guest Post: Um dia eu anoiteci mãe - por Sabrina Proença

  minha cabeça tá cheia de posts aqui pro blog, só me falta tempo pra escrevê-los. comentando num grupo que participo sobre isso, pedi que as meninas votassem os temas que mais interessavam. e o grande vencedor foi: as mudanças que a maternidade me trouxe. foram muitas, foram lindas.
  a Sabrina, uma querida que conheci enquanto gestávamos nossas meninas, disse que pensava em escrever sobre isso também. de pronto ofereci o espaço aqui no blog pra que ela inaugure a sessão de posts que virá sobre o tema.
  se deliciem com esse relato sensível e sincero de uma mãe muito amorosa.

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UM DIA EU ANOITECI MÃE.

     Algumas pessoas acham que a palavra mãe remete a uma mulher maravilhosa, perfeita, uma verdadeira santa. Algo em que você deve se transformar assim que recebe esse título. Para alguns quando a mulher descobre que está grávida, e para outros somente quando nasce o bebê. É como se acontecesse algo mágico que coloca em você, naquele momento, todas as características que são  esperadas de uma mãe. Você tem que ser paciente, corajosa, amável, carinhosa, tem que gostar de trabalhar, tem que ser ótima cozinheira, não pode sentir sono nunca, tem que ter braços fortes (“Peso de filho não cansa nunca o braço da mãe, não é mesmo?”). E ao mesmo tempo não pode mimar, não pode ter o coração “mole”, não pode sentir saudades durante o trabalho… Ufa!! Nem sei se tudo isso cabe dentro de uma mulher só. Esqueci de dizer que ainda tem que ser uma ótima esposa. Sabendo que a definição de ótima esposa muda muito, depende de como pensam as pessoas ao seu redor.
     Hoje eu digo que eu renasci quando Ana Clara nasceu. Mas essa magia aí não aconteceu comigo. Não sou dessas, e desconfio sempre que dou de cara com uma possível super mãe. Depois daquele fim de tarde, no dia 15 de janeiro, eu anoiteci mãe, mas o meu dia foi bem longo e demorado. Foi parte de uma vida sendo preparada pra essa mudança, muito mais do que nove meses. Cuidar de alguém não é fácil, fazer com que essa pessoa seja feliz e ainda contribua para um mundo melhor é mais difícil ainda, principalmente nos dias de hoje. E quando ela nasceu, “socorro”, eu não sabia nada. E até hoje não sei praticamente nada. Será que é tão visível assim? De vez em quando sou julgada pelos olhares de estranhas em lugares públicos  e depois vem a pergunta: “É sua primeira filha?”. Desculpa, minha filha, se sou diferente e gosto de te ter junto a mim no sling. Ou se te falo com carinho quando  grita, chora alto ou puxa o meu cabelo em público. Se não quero que coma doces agora, ou se às vezes deixo você com aparência de um menino. Se entendo sua presença tão recente nesse mundo.
     É… não tá fácil pra ninguém. Mas como isso é maravilhoso, ter o nosso bebê, o ser mais fofo, lindo e cheiroso do mundo. No nosso caso foi amor à primeira batida do coração. Fui te conhecendo e criando o meu amor.  E quando isso aconteceu, repouso, riscos, solidão. Foi preciso coragem, e aprendi que junto com ela sempre tem que vir a fé. Preciso de muita coragem pra cultivar e defender o nosso amor sem endurecer o coração. E quando ela nasceu  aprendi que amamentar é uma das experiências mais maravilhosas da vida. Melhor do que isso, só mesmo ver seu bebê crescendo saudável com o alimento que você pode dar. Aprendi que detesto escutar ela chorando, pode dormir no meu colo que eu aguento. Hoje sei o que significa “um dia de cada vez”, hoje deu tudo certo. Sei que nada melhor do que um dia após o outro, a febre passou, a gripe foi embora, essa noite deu pra dormir… E como uma coisa pode ser ruim e boa ao mesmo tempo, como ter que sair de casa para trabalhar.
     Agora eu só posso afirmar uma coisa, ela é a luz que Deus mandou para iluminar a minha vida, antes dela eu vivia no escuro. Vamos trilhar nosso caminho juntas, mesmo não sabendo aonde vai dar. Juntas iremos aprender muito.

Sabrina e Ana Clara <3

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

volta ao trabalho - Parte II: a primeira semana

  segunda-feira passada eu voltava ao trabalho e deixava, pela primeira vez, minha cria "sozinha" em casa. levantei cedo, tomei banho, amamentei, ordenhei meu leite, saí meio sem noção do que precisava levar na bolsa (quase coloquei uma fralda de boca, força do hábito). o Carlos e a Mallu me trouxeram até o trabalho, viemos rindo e conversando, mas meu coração faltava pular do peito. me deixaram no portão, enchi os dois de beijos e entrei.

saindo de casa pra levar a mamãe no primeiro dia de trabalho


aqui as coisas são diferentes: o neném que deixa a mamãe na escola
beijo de saudade antecipada
  bom, deixa eu resumir: meu primeiro dia de trabalho foi ótimo. revi os alunos, os colegas, fiz o que gosto, pensei em coisas novas pra biblioteca, não chorei! o Carlos ia me informando como estavam as coisas em casa (bem, graças a Deus!) e me mandando fotos pra amenizar a saudade. depois a Mi (minha irmã) chegou, foi super tranquilo também, Mallu tomou meu leite e dormiu boa parte do tempo.

mãe! tô tomando café da manhã sozinha ó!

lendo com o papai

brincando e sendo linda

dormindo no colo do papai
  daí vem a minha surpresa quando chego em casa: fui correndo toda cheia de amor pro lado da Mallu e ela nem me olhou nos olhos. veio no meu colo e mamou, sem grandes reações de alegria (sim, estou falando da mesma Mallu que dava gritinhos eufóricos e se balançava toda só de me ver passar no mesmo cômodo). imaginem meu coração de mãe culpada? despedaçado.
  durante a tarde aconteceu uma situação muito tensa e triste na nossa casa, um problema seríssimo de família que envolve meus pais, meus irmãos e eu, e a minha pequena ficou o tempo todo dormindo no meu colo. passada a confusão, assim que eles foram embora, notei que a Mallu tava muito sonolenta e apática, e decidi ver se ela tava com febre (se fiz isso 2 vezes até hoje foi muito, nunca encano com isso). pra minha surpresa: 38,5 de febre. fomos tomar banho e a febre cedeu, 37,3. muito peito e muito carinho, e a febre aumentando, até chegar a quase 39. de repente eu desabei. me senti uma mãe de merda por não poder cuidar da minha filha em tempo integral, toda a confusão familiar me derrubou, parecia que eu não me reconhecia mais, que não tinha certeza da minha força e da minha capacidade. uma amiga de um grupo online disse algo sobre o bebê convulsionar e eu, desesperada, mediquei a febre (outra coisa que não costumo fazer sem REAL necessidade - me julguem).
  saldo do primeiro dia: choradeira, insegurança, culpa e febre emocional.
  preciso mesmo falar como se seguiu a semana? ao mesmo tempo em que me sentia feliz e satisfeita por estar de volta ao trabalho, ao "mundo real", sentia uma culpa imensa por não estar o tempo todo com a Mallu. ela não teve crise de choro nenhuma vez na minha ausência, dorme bem, come frutinhas e almoço, toma meu leite... mas me trata com indiferença quando eu volto e isso quase me mata. precisamos de muitas horas juntas pra que ela volte a agir normalmente, me olhar nos olhos, me fazer carinho enquanto mama. é muito, muito difícil.
  a saudade e a culpa foram acumulando, até que sexta-feira eu peguei uma gripe (???) que até hoje não melhorou, e tô extremamente cansada física e emocionalmente.
  o fim-de-semana aproveitamos pra nos curtir. sábado saímos cedo pra assistir "O Renascimento do Parto" (o que merece um post em breve), passeamos um pouco pela Praça da Liberdade, e fomos visitar a vovó e o vovô (pais do Carlos). domingo foi dia de namorar meu marido e minha filha, quietinhos no nosso ninho. pena que passa tão rápido e a saudade já começa a apertar antes mesmo que eu saia de casa...
  enfim, o que se há de fazer? preciso trabalhar, minha filha tá com pessoas que a amam e cuidam muito bem dela... tenho que relaxar e deixar as coisas fluírem. o tempo dá jeito em tudo, não vai ser nisso que ele vai falhar, né?
  fico aqui contando as horas pra chegar em casa e encher o meu amorzinho de beijos e abraços, até que aqueles olhinhos parem de me evitar e me acolham com todo amor que têm.

domingo, 18 de agosto de 2013

volta ao trabalho - parte I

   amanhã é o dia que volto a trabalhar. sou auxiliar de biblioteca numa escola municipal, gosto do meu trabalho, tento fazer a diferença na vida das crianças e adolescentes que atendo. é difícil lutar contra algumas coisas há muito enraizadas no sistema de ensino público, mas isso é assunto pra outra hora.
  nunca passei mais de 3 horas longe da Mallu. na verdade hoje foi a primeira vez que ficamos longe por tanto tempo assim. a partir de amanhã serão pelo menos 6 horas por dia, e sinceramente ainda não sei como me sinto quanto a isso. 
  sinto muita falta de trabalhar - sair todos os dias, ter uma rotina, ver "gente grande", conversar sobre assuntos variados. mas ao mesmo tempo não queria ter que deixar a minha pequena por tanto tempo. sei que muitas mães não tem esse privilégio de trabalhar meio horário e não puderam ficar em casa com a cria como eu fiquei (tive 6 meses de licença maternidade + 1 mês de férias). de certa forma passamos um bom tempo juntas, fui 100% dela em cada um desses dias. a licença de 6 meses me permitiu continuar mais tranquilamente com o aleitamento materno exclusivo, e em livre demanda, o que foi maravilhoso. muitas mães conseguem voltar ao trabalho com 120 dias de licença e persistir no aleitamento materno exclusivo (beijo, Aline Vilela!), mas a grande maioria introduz alimentação antes da hora, leite artificial, ou até provoca um desmame precoce.
   a Mallu começou a introdução alimentar (esse post já tá pronto na minha cabeça, falta ter tempo de passar pra cá), mas o meu leite continua sendo seu principal alimento. tenho tentado há algum tempo ordenhar e congelar pra ser oferecido à ela pelos cuidadores (o pai e a tia-madrinha), mas não consegui muita coisa. acho que a ansiedade e o stress da volta ao trabalho tem atrapalhado um pouco nessa ordenha, mas ainda assim fico feliz de conseguir deixar o MEU leite pra ela. 
 
pequeno estoque de amor

  já treinamos pra que ela beba o leite no copo com bico rígido e sem válvula, e aos poucos ela tem aceitado melhor. o pai e a tia são apaixonados por ela e sei que estará bem cuidada, na sua casinha, sem mudar de ambiente bruscamente... sei que eles farão de tudo pra que ela tenha todas as suas necessidades atendidas, assim como eu tenho feito até aqui... mas ainda assim, se eu pudesse, ficaria em casa com ela. minha renda faz muita diferença na nossa família e não posso abandonar o trabalho mas, se pudesse, o faria.
  que as feministas (só as ultrapassadas, vamocombiná) me joguem pedras e me mandem queimar os sutiãs de amamentação, mas ó, entre minha filha e qualquer outra coisa, a escolha é sempre a minha filha. muita gente acha que nos anulamos quando escolhemos ficar em casa cuidando dos filhos, mas desconsideram duas coisas importantíssimas: 1) assim não terceirizamos a criação das crianças, fazendo com que outras mulheres deixem seus filhos pra cuidar dos nossos; 2) ser mãe não é coisa à toa, é CRIAR GENTE. e pro mundo melhorar precisamos de pessoas melhores. crianças abandonadas emocionalmente não costumam se tornar adultos saudáveis.

  enfim, já me prolonguei muito e dei voltas pra dizer que: se pudesse deixar o trabalho pra cuidar da minha filha, deixaria. não posso. amanhã volto a trabalhar e enquanto ela mama e faz carinho no meu rosto nesse exato momento, tenho vontade de parar o tempo e ser assim, só dela. também não posso. então fico aqui com o coração apertadinho e com os dedos cruzados, torcendo pra que essa fase que começa na nossa vida amanhã venha cheia de alegrias e boas surpresas. 

amor, amor, amor

terça-feira, 13 de agosto de 2013

coruja é pouco, essa mãe aqui é leoa!


  em abril desse ano deixei esse recado no meu mural do facebook:

  "às vezes eu sonho que sou uma mãe leoa e entro com minha cria e o pai leão pra dentro da toca, rugindo alto e espantando todos os outros bichos palpiteiros de perto.
às vezes eu sou gentil e só faço cara de alface.
e, às vezes, quase nunca, eu solto indiretas no facebook.
fica a dica."

 ok, admito, pode ter soado um pouquinho agressivo. e essa não foi a única (e nem a pior) vez. reclamei das minhas visitas, da palpitação alheia, dessa coisa de tentarem me infantilizar chamando de "mãezinha" ou "mãe de primeira viagem". parece que o meu forte é reclamar (não que isso seja uma total inverdade), mas acontece que eu perdi tempo demais na minha vida tentando agradar as outras pessoas. passei por muitas situações em que eu precisava tomar as rédeas da minha vida e não conseguia, porque sentia necessidade da aprovação alheia.
 depois de ter ficado grávida e de ter parido a Mallu, pari também uma nova Ana. e com essa Ana não tem meias palavras, não tem essa necessidade absurda de aprovação, não tem decisão adiada. a maternidade me trouxe muitas mudanças e vou falar de cada uma delas aqui no blog, são muitíssimo importantes pra mim.  uma dessas mudanças foi aprender a confiar em mim e a me assumir. meu corpo foi capaz de gerar uma vida com perfeição. trabalhei duro junto com a minha filha e pari, pari lindamente, descobri uma força que me era inimaginável. amamentei exclusivamente por seis meses e continuo com a amamentação firme e forte, que só vai deixar de acontecer quando a hora da Mallu chegar. lutei contra todas os conselhos "inofensivos", contra todas as ironias e piadinhas, contra tudo o que EU (e o pai dela também, claro) não considerávamos bom ou correto na criação da nossa filha. assumi meu papel de mãe sem delegá-lo em momento algum à outra pessoa. assumi meus posicionamentos, o bônus e o ônus de cada escolha.
  sou uma pessoa bem informada porque corro atrás disso. se tantas mudanças aconteceram e continuam acontecendo na minha vida é porque tenho feito o movimento de promove-las. se recuso seu palpite, se respondo com grosseria às vezes, se faço cara de boba e sorrio... não é por mal. eu sei que muita gente gosta de mim e da minha filha e querem nosso bem, por isso sugerem o que acham ser o melhor. assim que ela nasceu eu ficava enfurecida a cada palpite ou intromissão na nossa vida. ainda estava insegura, no fundo me sentia despreparada. queria ter um tempo só meu e da Mallu, pra nos conhecermos, pra que esse vínculo que temos hoje fosse formado, sem ninguém tentando intermediar isso. e aconteceu: hoje sou muito segura da mãe que sou, muito orgulhosa e feliz com a filha que tenho. temos uma sintonia maravilhosa e isso me dá firmeza a cada passo que dou. os palpites já não me incomodam tanto - ouço e tiro o que for bom pra gente. é que existe um limite entre sugerir e impor, e muita gente ultrapassa um pouco.
  acontece que não vou ficar me desgastando com isso e discutindo, sabe? é a MINHA filha, são as MINHAS decisões, é a NOSSA vida. se você não aprova nossas escolhas, tudo bem, é direito seu. mas não me importar com isso também é direito meu e, sinceramente, eu não me importo.

Mallu #chatiada com tanta amolação

  peço desculpas se cheguei a magoar alguém com minha grosseria ou com a minha indiferença com relação aos palpites que recebi sobre a criação da Mallu. acontece que eu sei o que quero pra nós, e isso não inclui terceirizar em NADA a criação dela.
  espero que entendam e não deixem de ter um relacionamento bacana com ela por causa disso, que saibam separar as coisas.
 como boa leoa que sou, tenho aprendido a proteger minha cria sem tanto alarde. não preciso provar nada pra ninguém. vocês não precisam me desafiar. bandeira branca: podem entrar na nossa toca e acarinhar o meu filhote. mas quem cuida, lambe e cria sou eu. e não desaprendi a rugir.




(eu sei que falhei na semana mundial do aleitamento materno, sorry. recebi relatos lindos, lindos, lindos. mas fiquei sem internet e só hoje tive acesso pra blogar novamente. agradeço à todas que me enviaram seus relatos, aos poucos vou postá-los aqui. sempre é dia de AMAmentaR)

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

#SMAM - Relato de amamentação: Roberta e Marina

  começo hoje a postar os mais lindos relatos de amamentação. alguns de muita luta, uns de muito sucesso, outros nem tanto... mas sem dúvidas todos recheados de muita força e amor.
  já agradeço de antemão a todas as queridas que me enviaram seus relatos ♥ serão postados da forma como foram enviados, acho bacana reconhecer na escrita de cada uma sua emoção ao dividir com a gente essa experiência maravilhosa.

  hoje vamos conhecer a história da Roberta e da Mariana, que começou há pouco e já é muito, muito bonita!

  "Sempre que me imaginava grávida, me imaginava amamentando. Pensava sempre que o meu leite era o melhor alimento para o filho que um dia eu iria ter. Porém, apesar dos diversos cursos de gestante que participei quando me vi grávida, acreditava que a amamentação era mais instinto do que técnica e pensava: "legal esse negócio de pega correta, não oferecer a mama muito cheia, oferecer a mama fazendo um C com a mão... mas tenho certeza que na hora o instinto vai falar mais alto e vou amamentar plenamente!".
  Minha filha nasceu, o leite desceu rápido e a primeira mamada foi como um sonho: me senti poderosa porque podia nutrí-la! Mas junto a isso veio a fissura do bico do seio, ali mesmo no hospital. Não dei muita bola, afinal, era só uma dorzinha. Porém, com o passar dos dias, as fissuras foram aumentando, cada dia mais doloridas e amamentar para mim transformou-se em sacrifício, martírio e lágrimas. Sentia pavor, raiva, tristeza, decepção, frustração... tudo ao mesmo tempo. Mas estava com uma idéia fixa:iria amamentar minha filha! Fui na pediatra, ginecologista, banco de leite, contratei enfermeira domiciliar e nada resolvia! Era mais do que dor física, era uma dor na alma que sugava minhas forças, minhas energias. Mesmo assim prosseguia na amamentação, cada pega da bebê era uma lágrima e um gemido, mas segui em frente. Até que ela completou 1 mês de vida e milagrosamente as fissuras cicatrizaram, como em um passe de mágica! Deve ter sido coisa de Deus, com certeza! 
  Porém, minha saga ainda não havia acabado, eu ainda tinha que passar por um empedramento que gerou uma mastite que levou a um abscesso que foi drenado. A inflamação foi curada, mas, atualmente, ainda tenho galactocele que são ductos internos que ficam entupidos que não deixam o leite sair, leite esse que ocupou o lugar do pus que eu tive na mastite; esse leite parado tem que ser puncionado para não correr o risco de inflamar de novo. Agora enfrento algumas sombras: do pouco leite (será que minha produção diminuiu com a mastite?), das agulhas das punções que estão sendo feitas de dois em dois dias e a pergunta "o que será da minha amamentação?". Essas sombras me entristecem às vezes, mas quero aproveitar cada segundo que estou amamentando minha filha. Olho nos seus olhos, acaricio seus cabelos, pego na mãozinha, faço carinho... e renovo diariamente as esperanças de um dia amamentar. Somente. Sem "mas", "porém", "contudo"... Amamentar, e ponto. 
  Minha luta ainda não acabou e, graças a Deus e alguns anjos que tenho na vida (dentre eles meu marido, meu amor!) nem as minhas forças! Sigo lutando, sigo por puro e pleno amor..."

 Roberta e Marina se amando ♥

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

SMAM - semana mundial do aleitamento materno

"Isto é tudo o que se precisa para poder dar de mamar a um filho. Nem métodos, nem horários, nem conselhos, nem relógios, nem cursos. Mas sim apoio, contenção e confiança de outros (marido, rede de mulheres, sociedade, âmbito social) para ser uma mesma mais do que nunca. Só permissão para ser o que queremos, fazer o que queremos, e deixar-se levar pela loucura do selvagem.
(...) Dar de mamar é ter o bebê a colo, o tempo todo que seja possível. É corpo, é silêncio, é conexão com o submundo invisível, é fusão emocional, é loucura.
 Sim, há que ser um pouco louca para maternar."

 - Lactância Selvagem, por Laura Gutman


  começa hoje a SMAM - semana mundial do aleitamento materno. o tema desse ano é "apoio às mães que amamentam: próximo, contínuo e prolongado".
  que atire o primeiro jato de leite a mãe que nunca ouviu frases como "seu leite é fraco", "seu leite é pouco", "esse bebê chora tanto de fome", "depois dos 6 meses o leite materno não serve mais de nada" ou "leite artificial é mais forte e faz o bebê dormir melhor". cada uma mais besta que a outra.
  a OMS (organização mundial de saúde) e o MS (ministério da saúde) recomendam o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses (isso mesmo, vovós, sem água, sem chá, sem engrossante, sem suco, sem caldinho de feijão, sem água de arroz, sem mais na-da). e a amamentação continuada até 2 anos ou mais. se os órgãos de saúde assumem essa como a melhor conduta, por que a mãe que amamenta ainda enfrenta tantas dificuldades e preconceito nesse caminho tão bonito?
  há algumas décadas atrás, quando eu nasci por exemplo, era chiquérrimo que o bebê tomasse NAN. o mito do "leite fraco" já tinha muita força, e as mães davam a fórmula pros bebês acreditando ser o que havia de melhor. formou-se uma cultura contra o que é natural, criou-se um status em cima da cirurgia em vez do parto, da mamadeira em vez do peito, da chupeta pra acalmar, das papinhas industrializadas que se afirmavam (e afirmam na maior cara de pau até hoje) saudáveis e nutritivas.
  se pensarmos nas gatas que alimentam seus filhotinhos todos ao mesmo tempo, se pensarmos numa chimpanzé que pare seu filhote onde se sente mais confortável, e em todas as nossas antepassadas que há milhares e milhares de anos pariram, amamentaram e criaram seus filhos de forma natural, toda essa cultura que nos empurra "tecnologia" ao maternar não soa um tanto absurda? se elas foram capazes, por que nós não seríamos? se somos capazes de gerar, por que não seríamos de parir e alimentar nossas crias?
  seu corpo produz um leite perfeito pro seu bebê. seu leite contém os anticorpos e nutrientes específicos que seu filho precisa. não parece mágica? é o seu poder. muito maior que o de qualquer fabricante de leite em pó por aí.
  acontece que há tanto tempo são passadas informações equivocadas e mitos, até pelos profissionais de saúde, que fica difícil confiar na nossa capacidade de nutrir. por isso é de extrema importância a informação: venha ela do consultório médico, do marido, da maternidade, da parteira, da doula, da amiga, da mãe, da sogra, da mulher ali no ponto de ônibus... encaro como dever de cada uma de nós passar pra frente a informação que pode salvar a amamentação de uma mãe-bebê. e admito a extrema importância que algumas pessoas e alguns grupos de apoio tiveram no sucesso da amamentação da mallu.
  amamentar não é só alimentar: é amor, proteção, cuidado, segurança. é criar um vínculo maravilhoso e incomparável. é acreditar na sua força, na sua capacidade, se empoderar a cada mamada. é se doar inteiramente pro seu bebê e construir o amor mais forte que existe. é amar de um jeito que só nós, mamíferas, podemos fazer: do ventre ao seio.

  durante essa semana o blog vai contar com vários relatos lindos de amamentação, e com links bacanas pra nos munir de informação. tá rolando uma blogagem coletiva sobre o tema e em breve linko aqui todos os blogs que estão participando.
  se você é ou vai ser mãe: amamente. se não conseguiu amamentar: estimule pra que a mãe perto de você consiga. se é pai: dê o apoio que sua parceira precisa.
  leite materno é amor líquido. não tem preço, mas um valor inestimável.