sexta-feira, 13 de setembro de 2013

a nossa criação com apego - attachment parenting? o que é isso?

  antes mesmo de engravidar sempre acreditei e "militei" (dentro do meu círculo social) sobre o parto normal e ativo, a amamentação exclusiva até os 6 meses e continuada, o respeito às demandas da criança. isso pra mim não tinha nome, não tinha regra, não tinha livro que ensinasse... era só o óbvio.
  durante a gravidez me concentrei em ter o máximo possível de informações sobre o parto. a probabilidade de cair numa cesárea desnecessária era muito grande e eu precisava me munir de informações pra conseguir parir.
  daí eu pari, as informações foram válidas e eu estava muito feliz. feliz e cansada. fomos deitar e na enfermaria do Hospital Sofia Feldman não tinha bercinho: o bebê dormia junto com a mãe. isso também me parecia óbvio naquele momento - eu só queria ficar grudada na minha cria, assim como estávamos há algumas horas atrás.
  quando chegamos em casa me deu um desesperozinho inesquecível: corri pro banheiro e chorei, chorei, chorei. "o que eu vou fazer agora?", era o que eu me perguntava mentalmente a cada minuto. me preparei pro parto, mas não tinha conhecimento teórico nenhum sobre cuidar de um recém-nascido, criar um bebê. não sabia qual era o próximo passo, tinha muito medo de errar e, de alguma forma, magoar a minha filha.
  e assim, sem nenhum manual, decidi seguir a minha intuição. o mesmo amor que me guiou em direção à um nascimento respeitoso foi que me mostrou qual seria a minha forma de maternar.
  continuamos com a cama compartilhada desde o primeiro dia de vida da Mallu. amamentação exclusiva até os 6 meses, em livre demanda até hoje (e vamos longe!). nunca deixei chorando, dei todo o colo que ela solicitou (que não foi e não é pouco, isso eu garanto, rs). quase nunca saímos de carrinho, o negócio por aqui é sling, sempre grudadinha na mamãe (ou no papai <3). somos contra abuso emocional ou físico, nada de gritos, apelidos pejorativos ou palmada "educativa".
  depois lendo por aí descobri que isso tem nome: attachment parenting, ou criação com apego como é chamada aqui no Brasil. é um movimento crescente (viva!), mas percebo que tem sido "vendido" como mais um manual de "como você deve criar seu filho". e definitivamente não se trata disso. se eu precisasse resumir a criação com apego em uma palavra seria "intuição". desde sempre fomos criados dormindo junto com os pais (senão os predadores vinham e CRÉU!), mamando até quando fosse saudável para mãe e filhote, sendo carregados nas costas (nos colos, em bolsas, em panos), obtendo resposta quando solicitávamos (e qual a única forma que o bebê tem que fazer isso? chorando). a criação com apego vem lá dos nossos primeiros ancestrais e foi primordial pra nossa sobrevivência enquanto espécie. e você aí achando que era modernidade dazíndia hippie, né? ;)
  existem oito direcionamentos para a criação com apego*, mas não se trata de regras. esse estilo de ma(pa)ternar não envolve manual ou técnicas para "encantar seu bebê". se trata de respeito, de empatia. basta se colocar no lugar do outro: você gostaria de ficar chorando e sendo ignorada por alguém que ama e confia? gostaria de ser obrigado a comer uma quantidade maior do que a que te sacia? gostaria de ficar sozinho, longe de onde se sente seguro? de não ter contato de pele e colo quando sente necessidade? o seu bebê também não, e, pra piorar, ele não sabe falar ou externalizar o que sente, senão pelo choro.
  é questão de repensar a nossa disponibilidade pros nossos filhos, o quanto realmente nos dedicamos a acompanhar o desenvolvimento e as demandas que eles têm. é não terceirizar as decisões importantes da vida deles (nem por médicos, avós, professoras, etc), fazer com que seja de qualidade o tempo que passarem juntos.
  já ouço que minha filha precisa de limites (oi?), que sou muito permissiva, que ela é mimada, mal-acostumada e manda em mim. aí entra a cara de alface (um clássico da maternidade!) e a certeza de que estou fazendo o melhor que posso pra pessoa que mais amo nesse mundo.
  a minha maternagem e a parternagem do meu companheiro se amparam em respeito, empatia, amor e doação. e a sua?
 

 
* - preparação para a gestação, parto e criação;
    - alimentar com amor e respeito;
    - responder com sensibilidade;
    - usar o contato afetivo;
    - garantir um sono seguro, física e emocionalmente;
    - prover cuidado com amor de maneira consistente;
    - praticar disciplina positiva; e
    - manter o equilíbrio entre a vida pessoal e familiar.

In: The Attachment Parenting Book : A Commonsense Guide to Understanding and Nurturing Your Baby.


apegados e apaixonados

 

4 comentários:

Anônimo disse...

Você chegou a filmar seu parto?

Dani Arruda disse...

Adorei o post! Vivendo e aprendendo.
Se eu continuar assim, "apegada" a essa página, não me resta dúvida de que vou estar craque quando tiver o(s) meu(s)! haha...

Beijos em vcs três!

Unknown disse...

Cara, eu gosto taaaanto tanto do seu blog <3 Acho lindo o jeito com o qual você fala da Mallu (e agora seu companheiro também). Tenho uma bebê de 4 meses, a Estela, e confesso que me espelho um pouco em você! :D

Unknown disse...

Oi Ana! Isso tb aconteceu comigo. Desde sempre, tento viver conforme minha intuição. Na gestação nao foi diferente. Tive minha filha em casa e nao sabia nada de criação com apego. Todas as minhas relações, sejam quais forem, se baseiam numa regrinha que considero de ouro na vida: faça com os outros o que vc gostaria que fosse feito com vc. Com minha mini-menina tb é assim. Acho que vem lá do fundo da gente, ultrapassa regras e condições. Só tem que se desapegar do turbilhão barulhento que são os conceitos e paradigmas rígidos da nossa sociedade.
Adorei seu blog. Depois, se der, dá uma passadinha lá no meu: http://cademeutempo.blogspot.com.br/
Bjo!