domingo, 18 de agosto de 2013

volta ao trabalho - parte I

   amanhã é o dia que volto a trabalhar. sou auxiliar de biblioteca numa escola municipal, gosto do meu trabalho, tento fazer a diferença na vida das crianças e adolescentes que atendo. é difícil lutar contra algumas coisas há muito enraizadas no sistema de ensino público, mas isso é assunto pra outra hora.
  nunca passei mais de 3 horas longe da Mallu. na verdade hoje foi a primeira vez que ficamos longe por tanto tempo assim. a partir de amanhã serão pelo menos 6 horas por dia, e sinceramente ainda não sei como me sinto quanto a isso. 
  sinto muita falta de trabalhar - sair todos os dias, ter uma rotina, ver "gente grande", conversar sobre assuntos variados. mas ao mesmo tempo não queria ter que deixar a minha pequena por tanto tempo. sei que muitas mães não tem esse privilégio de trabalhar meio horário e não puderam ficar em casa com a cria como eu fiquei (tive 6 meses de licença maternidade + 1 mês de férias). de certa forma passamos um bom tempo juntas, fui 100% dela em cada um desses dias. a licença de 6 meses me permitiu continuar mais tranquilamente com o aleitamento materno exclusivo, e em livre demanda, o que foi maravilhoso. muitas mães conseguem voltar ao trabalho com 120 dias de licença e persistir no aleitamento materno exclusivo (beijo, Aline Vilela!), mas a grande maioria introduz alimentação antes da hora, leite artificial, ou até provoca um desmame precoce.
   a Mallu começou a introdução alimentar (esse post já tá pronto na minha cabeça, falta ter tempo de passar pra cá), mas o meu leite continua sendo seu principal alimento. tenho tentado há algum tempo ordenhar e congelar pra ser oferecido à ela pelos cuidadores (o pai e a tia-madrinha), mas não consegui muita coisa. acho que a ansiedade e o stress da volta ao trabalho tem atrapalhado um pouco nessa ordenha, mas ainda assim fico feliz de conseguir deixar o MEU leite pra ela. 
 
pequeno estoque de amor

  já treinamos pra que ela beba o leite no copo com bico rígido e sem válvula, e aos poucos ela tem aceitado melhor. o pai e a tia são apaixonados por ela e sei que estará bem cuidada, na sua casinha, sem mudar de ambiente bruscamente... sei que eles farão de tudo pra que ela tenha todas as suas necessidades atendidas, assim como eu tenho feito até aqui... mas ainda assim, se eu pudesse, ficaria em casa com ela. minha renda faz muita diferença na nossa família e não posso abandonar o trabalho mas, se pudesse, o faria.
  que as feministas (só as ultrapassadas, vamocombiná) me joguem pedras e me mandem queimar os sutiãs de amamentação, mas ó, entre minha filha e qualquer outra coisa, a escolha é sempre a minha filha. muita gente acha que nos anulamos quando escolhemos ficar em casa cuidando dos filhos, mas desconsideram duas coisas importantíssimas: 1) assim não terceirizamos a criação das crianças, fazendo com que outras mulheres deixem seus filhos pra cuidar dos nossos; 2) ser mãe não é coisa à toa, é CRIAR GENTE. e pro mundo melhorar precisamos de pessoas melhores. crianças abandonadas emocionalmente não costumam se tornar adultos saudáveis.

  enfim, já me prolonguei muito e dei voltas pra dizer que: se pudesse deixar o trabalho pra cuidar da minha filha, deixaria. não posso. amanhã volto a trabalhar e enquanto ela mama e faz carinho no meu rosto nesse exato momento, tenho vontade de parar o tempo e ser assim, só dela. também não posso. então fico aqui com o coração apertadinho e com os dedos cruzados, torcendo pra que essa fase que começa na nossa vida amanhã venha cheia de alegrias e boas surpresas. 

amor, amor, amor

2 comentários:

Priscila Rodrigues disse...

Ana, querida, tive que chorar com seu post, pois estou vivendo exatamente isso, só que para minha felicidade trabalho quatro hrs por dia. A escola fica em outro município, um pouquinho distante. Tbm tive 6 meses de licença mais 1 de férias e vc descreveu exatamente o que há um tempo está em minha alma e coração. Vamos conseguir passar por esta etapa felizes! Bjs!!!!!

Unknown disse...

Lindo demais, Deus abençoe vocês, e ansiosa pelo próximo post